Eutanásia. “Sociedade não se pode deixar conduzir por dois ou três”

O Arcebispo Primaz de Braga, D. Jorge Ortiga, apela à reflexão e intensificação do debate em torno da despenalização da morte assistida em Portugal, assumindo que mesmo que a Igreja não veja a vida como referendável, este é o melhor caminho a seguir.

Ontem à noite, em entrevista ao programa da RUM Campus Verbal, D. Jorge Ortiga, vincou que não se trata de uma questão da Igreja Católica ou de outras religiões, mas “essencialmente de uma questão cultural”. 

Para a Igreja a eutanásia é uma violação ao Direito à Vida. “É nessa lógica que nos encontramos. Nos tempos que correm, com estes partidos que são sempre os primeiros a reconhecer os direitos da pessoa e da democracia, mas depois dá a impressão que não se joga verdadeiramente no campo da democracia”, critica.

Numa mensagem muito crítica à postura de alguns partidos na defesa da despenalização da eutanásia, o Arcebispo de Braga apela aos cidadãos que assinem a petição que solicita o referendo. “Perante a necessidade de mostrar que não é conveniente que avancemos para a eutanásia, a Igreja está cá para elucidar. Ainda não se falou o suficiente. O referendo poderá ser importante, não só pelo facto de se votar, mas sim pela reflexão na sociedade portuguesa”, justifica.

D. Jorge Ortiga vai mais longe e apela aos portugueses que se documentem sobre esta questão. “A sociedade deve pensar, ter opinião própria e não deixar conduzir-se por dois ou três. No 25 de Abril a expressão mais usada era a ‘carneirada’, e hoje parece-me que é precisamente isso, sobretudo nos partidos”, atira.

Admitindo que “a Igreja está preparada para tudo”, o Arcebispo de Braga está confiante que a subscrição pública alcançará as assinaturas necessárias para levar a questão a referendo. A Igreja Católica utiliza ainda como argumento as discussões actuais em países como a Holanda, onde a despenalização da morte assistida é uma realidade há vários anos. “Isto é uma rampa deslizante, abrimos a porta e isto é uma coisa atrás da outra e daqui a algum tempo a vida humana, na dignidade que tem, perde-a por completoa. Não falamos de cor. As pessoas depois de uma realidade querem muitíssimo mais”.

Para o Arcebispo de Braga, a discussão da despenalização da eutanásia é também “um sintoma da sociedade em que vivemos”. “Dá a impressão que nada tem valor. Importaria reflectirmos sobre a sociedade que estamos a construir”, conclui.

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Elsa Moura
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