ACB prevê efeitos “dramáticos”. Quebras podem chegar aos 50%

Com a suspensão das aulas nos campi da Universidade do Minho, o cancelamento de vários eventos da Semana Santa de Braga e o número de casos confirmados de Covid-19 a aumentar em terras lusas, a Associação Comercial de Braga (ACB) prevê resultados “verdadeiramente dramáticos para muitas empresas”, principalmente, no sector do turismo e comércio. 

Esta tarde, a Universitária conversou com o Director Geral da ACB, Rui Marques, que apesar de declarar que ainda é cedo para fazer estimativas sobre possíveis quebras, existem motivos para preocupação.

O responsável insiste, ainda assim, em tranquilizar os bracarenses realçando que a semana maior da cidade dos arcebispos vai ocorrer, mas num novo modelo. “Temos prevista a realização de uma exposição da Semana Santa pelas montras do comércio em que cada uma possa ter uma fotografia que conte a história desta semana tão especial. A ideia é que as pessoas façam um determinado percurso pelas ruas da cidade dos arcebispos”, anuncia.

No caso da restauração será preparada uma iniciativa semelhante às “Sugestões do Chef” que está a decorrer ao longo do mês de Março, no entanto, com “opções direccionadas para a Páscoa”. 

Rui Marques frisa que a associação tem vindo a ser muito procurada pelos empresários da cidade que pretendem recolher mais informação, nomeadamente sobre mecanismos de ajuda, uma vez que poderá ser difícil para as empresas cumprirem as suas obrigações com o Estado, fornecedores e trabalhadores. Ora, a ACB tem dado a conhecer “as medidas que têm vindo a ser tomadas pelo Governo no sentido de mitigar as necessidades”. O Director confessa que espera que as mesmas sejam “suficientes para garantir a sobrevivência da economia”. 

A RUM esteve nas ruas do centro histórico da cidade dos arcebispos para perceber os efeitos do surto do novo coronavírus nos negócios. A maioria dos bracarenses avança com quebras na ordem dos 20 a 50% nas vendas. 

Na Rua do Souto, claramente mais vazia apesar do bom tempo que se faz sentir na cidade de Braga, entramos no restaurante “Daqui – Sabores Genuínos”. Nuno Azeredo assegura que é notória a diminuição de movimento nas ruas, principalmente de estrangeiros. “Muitos são os comerciantes que estão à espera da semana da Páscoa para equilibrar as contas mas este ano isso vai ser muito difícil”, confessa. 

O responsável avança que durante o fim-de-semana teve perdas de 50% nas vendas. Nuno Azeredo lamenta que muitas das iniciativas programadas para a Semana Santa tenham sido canceladas, mas reconhece a importância das medidas para travar a propagação da pandemia. O bracarense vai mais longe, e aconselha o fecho de escolas e fronteiras. 

Opinião distinta tem Bernardete Alves que considera que o cancelamento das procissões da Semana Santa “não pode acontecer”. A responsável pela loja “Berço de Mordomias” defende que este é um evento “fundamental” para a cidade,  traz “muitos turistas e faz mexer o negócio na cidade”.

O “alarmismo” em torno do surto já resultou num “défice de vendas entre os 20 e 30%”, aponta.  Bernardete espera que depois da fraca temporada de Natal e Ano Novo é fulcral que pelo menos os meses de Verão sejam “excelentes”. 

Na mesma rua, António Martins tem uma loja do estilo bazar. Aos microfones da RUM, afirma estar de acordo com o cancelamento das procissões pois “nunca se sabe que consequências essas cerimónias poderiam ter na propagação do surto”. Quanto às vendas, já desceram 25% nos últimos dias. Apesar disso “O Turista” não está “receoso”. 

Também Francisco Costa prefere manter-se “optimista” e “não dramatizar” a situação. “Nunca se sabe, a programação da Semana Santa pode ser retomada”, defende. Na “Cotton Belle”, junto à Sé de Braga, não foram ainda contabilizadas perdas, contudo, a “diminuição do número de turistas é bem visível”.