O testemunho de um português na Austrália. “Conduta nos supermercados é o maior problema”

José Gomes é natural de Barcelos e vive em Melbourne, na Austrália, há seis anos. Trabalha num zoológico, com animais aquáticos, e, apesar da propagação do novo coronavírus, diz que “tem vivido o dia-a-dia com normalidade”.


A Austrália, país que tem perto de 25 milhões de habitantes, conta com quase 900 infectados e 7 mortes causadas pelo Covid-19. “De forma geral, o governo tem passado a ideia de que a Austrália está numa fase inicial de exposição ao vírus, sobretudo quando comparada com a China e a Europa”, conta José, à RUM.

Ao contrário de vários países – nos quais se inclui Portugal -, a Austrália ainda não adoptou medidas de restrição à circulação, nem fechou espaços públicos – as escolas, por exemplo, mantém-se abertas. Os infectados são os únicos obrigados a ficar em casa. Para a comunidade em geral as recomendações são para “trabalhar, se possível, em casa, e para o isolamento social”. 


No caso de José, o quotidiano “tem sido relativamente normal, com a diferença de não ter contacto social” quando tem folgas. No trabalho, ressalva, os cuidados são redobrados entre os profissionais e os visitantes do zoológico. Para já, e num momento em que a Austrália não está a sofrer consequências graves do surto, o maior problema no país tem sido a conduta dos australianos nos supermercados. Foram até notícia pelo açambarcamento de papel higiénico. Os espaços tomaram medidas e limitaram a compra de produtos.


“O maior problema aqui é o comportamento nos supermercados. As pessoas começaram a comprar uma série de coisas pelo pânico. Numa fase inicial houve um esgotamento do stock de papel higiénico, que depois alastrou para arroz, massa ou carne. Os supermercados alteraram regras e só se pode comprar um item de cada produto”, explica José, que acrescenta que “metade dos bens nos supermercados não existem, não porque haja falta seja do que for, mas porque não há camiões suficientes que tragam bens ao ritmo da procura”.


Tal como se equacionou em Portugal, a Austrália adoptou um regime de exclusividade nos supermercados à entrada de “idosos e pessoas com deficiência” na primeira hora de funcionamento.


José tinha viagem marcada para Portugal no final do mês mas cancelou

José vive na Austrália há seis anos e já tem autorização de residência permanante no país, estando elegível para solicitar a cidadania australiana. Por isso, e ao contrário de alguns portugueses no estrangeiro, teria todas as condições legais para viajar para Portugal. Essa era a sua vontade mas o surto do coronavírus alterou-lhe os planos.

“Tinha viagem marcada para Portugal para o final de Março mas suspendi. Vou ter de reavaliar a situação e viajar daqui a alguns meses, se calhar no final do ano, dependendo da propagação do vírus. É um momento stressante por ter os meus pais e o meu irmão longe de mim”, lamenta, deixando a mensagem para que “o problema em Portugal se supere o mais fácil e breve possível”.

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Pedro Magalhães
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