“Provavelmente vamos voltar dentro de dois anos aos números de 2019”

Mário Centeno afirmou, esta segunda-feira, em entrevista à TVI, que, em termos económicos, “provavelmente vamos voltar dentro de dois anos aos números de 2019”.
O ministro das Finanças afirmou ainda que as estimativas do Governo apontam para uma queda de 6,5% do PIB anual por cada 30 dias úteis em que a economia esteja paralisada devido à covid-19.
“As estimativas que existem e apresentaremos brevemente números nesse sentido estão enquadradas em factos que vão desde 6,5% do PIB anual por cada 30 dias úteis em que a economia esteja, como ela está hoje em Portugal”, disse Mário Centeno, acrescentando que o impacto vai detiorando-se ao longo do tempo. “Não basta multiplicar por frações de 30 dias, porque o processo vai-se deteriorando”, precisou, assinalando a necessidade de ter de ser dada uma “resposta urgente e rápida à economia” assim como se está “agora a dar à saúde”.
O governante referi-se ainda à crise mundial que se avizinha, frisando que costumam ter “taxas de juro altas, liquidez baixa e os mercados fragmentam-se”, mas neste caso “as taxas de juro eram baixas e as finanças estavam em superavit”, compara Centeno.
Sendo uma “crise temporária” e tendo em conta a “dívida elevada ainda”, Centeno reconhece que é preciso garantir que “há dinheiro para acudir à fase aguda da crise”.
Centeno recusa ver vencedores e vencidos depois da última reunião do Eurogrupo, que acabou com um pacote de mais de 500 mil milhões de euros disponibilizado para combater a Covid-19 na União Europeia.
Questionado sobre se sente que a Holanda “venceu” a batalha no Eurogrupo, Centeno repete que a vitória “é da Europa”.
“Podemos dizer que em 2008 levámos muito tempo a reagir”, reconhece, mas “essa crise foi pré-anunciada durante pelo menos dez anos”.
“Desta vez, em apenas dez dias, conseguimos um quadro financeiro de liquidez”, sublinha o também presidente do Eurogrupo. Este pacote dá “garantia aos países europeus para que, de imediato, possam reagir a esta crise”.
“Estamos a enfrentar esta crise como quem joga um jogo sem ter lido as regras”, ironiza.
As medidas aprovadas pelo Eurogrupo, lembra Centeno, não podem ser “o fim da linha”, sendo apenas uma forma de responder de imediato às necessidades.
Centeno não exclui nacionalização da TAP
Centeno referiu-se ainda de que não existe guião para um combate a uma crise como esta para rejeitar que exista qualquer “tabu” quanto à nacionalização de empresas. Ainda assim, o ministro não exclui essa hipótese em relação à TAP.
“Sobre a TAP, por exemplo, tem desafios únicos. Há muitas formas de intervir, mas essa também é uma delas”, declarou Mário Centeno, quando confrontado com uma eventual nacionalização da transportadora em que o Estado é o maior acionista com 50% do capital.
No sector da Saúde, o ministro frise que “não houve cortes nem cativações”, apontando o aumento de 25% na despesa no sistema de saúde português. Centendo lembrou ainda que o sector da saúde entrou em 2020 “com o maior aumento” orçamental na sua história.
O ministro das Finanças não quer falar sobre o seu futuro, recusando revelar se passa pela saída do Governo para entrar no Banco de Portugal ou não. “O general não é sequer a peça mais importante de tudo isto”, graceja Centeno sobre o seu papel na gestão da crise provocada pela Covid-19. “Não mereço tamanha distinção.”
