Barcelos, Guimarães e Famalicão exigem ter dados actualizados sobre doentes com covid-19

Os presidentes das câmaras municipais de Barcelos, Guimarães e Vila Nova de Famalicão exigem que o Ministério da Saúde reverta a intitulada “lei da rolha”. Recorde-se que os autarcas não têm acesso à informação diária sobre a evolução da Covid-19 em cada um dos concelhos. À margem da sessão “Smart City Lab” organizada pelo FICIS – Fórum Internacional das Comunidades Inteligentes e Sustentáveis – o edil barcelense levantou a questão.
Miguel Costa Gomes declara não entender o motivo que leva o Ministério da Saúde a não disponibilizar os dados sobre os infectados com o novo coronavírus. O autarca refere que é possível que a Direcção-Geral da Saúde “não tenha capacidade a nível nacional para compilar dados”, no entanto esses registos das realidades estão nas mãos da ACES que podem, na óptica do edil, ser comunicadas à Protecção Civil e autarcas de modo a preparar respostas mais eficazes para os concelhos.
O presidente da Câmara de Barcelos vai mais longe e frisa que os dados divulgados, esta terça-feira, são relativos ao dia 9 de Abril, ou seja, estão desactualizados.
Também Domingos Bragança, presidente da Câmara Municipal de Guimarães, caracterizou a decisão da Ministra da Saúde como “um disparate que deve ser corrigido rapidamente”. O autarca já fez saber ao Secretário de Estado da Saúde, António Sales, que este “erro” está a dificultar a resposta das autarquias às suas populações. “Os presidentes de câmara querem e têm de saber o que está a acontecer nos seus territórios”, declara.
Mais contido o autarca famalicense afirma que compreende que tenham de existir domínios sigilosos, contudo coloca a questão sobre a razão que impede os presidentes de câmara de fazer parte desse circuito mais restrito. Para Paulo Cunha a divulgação de informação relevante pelas fontes oficiais tem sido “escassa”, o que levanta ainda mais interrogações. O presidente confessa que gostava de conhecer a relação entre casos positivos para covid-19 e os cidadãos já testados, assim como o número de pessoas no concelho que estão curadas. Dados que segundo o edil não chegam.
Recorde-se que também o edil bracarense, Ricardo Rio, considera que o número de pessoas infectadas no país é substancialmente superior ao que é divulgado pela DG, mas sublinha que a discussão central não deve passar por aí.
As cidades inteligentes podem ser a chave em tempos de crise?
Um verdadeiro tsunami para uns ou um tufão para outros, a verdade é que os três autarcas acreditam que a pandemia do novo coronavírus é um teste difícil quer para as cidades como para os países e continentes. O presidente da Câmara Municipal de Famalicão, Paulo Cunha, adiantou que actualmente já existem 4.800 desempregados no concelho.
O edil é contra uma fusão de cidades, mas considera que no futuro os municípios do quadrilátero urbano, que juntos representam cerca de 600 mil pessoas, devem unir-se com o intuito estratégico de “exportar a região a nível internacional”. Paulo Cunha destaca a riqueza histórica, o poder das empresas, universidades e politécnicos assim como das instituições desportivas. “Temos o que mais nenhuma região do país tem, se calhar a alguns níveis nem o Grande Porto possui estas características”, afirma.
No concelho de Barcelos a maior preocupação assenta no sector têxtil, uma vez que muitas das empresas da região são subcontratadas. O autarca pede uma maior união entre os municípios do quadrilátero, nomeadamente para encontrar estratégias conjuntas na luta contra as adversidades criadas pela pandemia.
Tanto Miguel Costa Gomes como Domingos Bragança, presidentes de Barcelos e Guimarães respectivamente, têm os olhos postos na mobilidade. Para os autarcas esse é o futuro em que o quadrilátero tem de apostar. Neste momento, na cidade dos galos, 15 mil pessoas já utilizam os transportes públicos um passo considerado importante para a descarbonização e melhoria da qualidade do ar das cidades.
Já sobre o grande projecto da região, o Tramway, o edil espera que a “oportunidade não seja perdida”.
Domingos Bragança defende a ideia de unhas e dentes. Para o vimaranense este é o projecto que vai mudar as vidas de inúmeros cidadãos que fazem as suas vidas entre concelhos, para além de criar riqueza. Recorde-se que este é um projecto que inicialmente iria necessitar de aproximadamente 50 ME, agora Domingos Bragança fala em algumas “centenas de milhões”, um esforço não só municipal e nacional como europeu.
*Vanessa Batista.
