“Sepúlveda ficará sempre no imaginário de leitores grandes e pequenos”

António Ferreira confessa à RUM que foi “apanhado completamente de surpresa” com esta notícia que considera “bastante trágica”. Luís Sepúlveda, escritor chileno, morreu esta quinta-feira aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.
“Já lá vai há tanto tempo que pensou-se que teria recuperado ou pelo menos, estabilizado”, admite quando questionado sobre a morte de Luís Sepúlveda, anunciada logo pela manhã.
O autor do programa Livros com RUM afirma que “a velocidade da informação em que as notícias correm e que rapidamente caem no esquecimento”, não o fez pensar que o escritor tivesse piorado o seu estado de saúde.
Estava internado no Hospital das Astúrias desde o fim de Fevereiro, logo depois de ter passado por Portugal, onde esteve no festival Literário Correntes D’Escritas, na Póvoa de Varzim.
Luís Sepúlveda é recordado por António Ferreira como um escritor que “influenciou muitas pessoas, muitos leitores em Portugal e no Mundo inteiro”.
O Livros com RUM desta noite, na Universitária, recorda uma conversa nas Correntes D’Escritas a pretexto de um dos livros que escreveu sobre a Patagónia.
De quarentena, António Ferreira encontrou por estes dias na sua “biblioteca antiga” a obra “O velho que lia romances de amor”, primeiro livro do escritor editado em Portugal pela ASA. “O Gato que ensinou a gaivota a voar” é outra das obras destacadas por António Ferreira.
No entretanto, realça, Sepúlveda “escreveu livros de todas as suas experiências políticas e várias viagens que fez”.
“Um homem que tem uma obra abundante”, mas com “narrativas relativamente curtas porque desde o início pensou escrever para todos os leitores e leitoras”, explica.
“Ficará sempre um homem no imaginário de leitores grandes e pequenos que apreciam aquilo que é o trabalho sobre a simbologia da vida, os homens e as mulheres em sociedade, e aquilo que é o seu partrimónio cultural e mágico”, finaliza o autor do Livros com RUM.
Luis Sepúlveda foi um romancista, realizador, roteirista, jornalista e activista político chileno
Membro activo da Unidade Popular chilena nos anos 70, teve de abandonar o país após o golpe militar de Augusto Pinochet. Viajou e trabalhou no Brasil, Uruguai, Paraguai e Peru. Viveu no Equador entre os índios Shuar, participando numa missão de estudo da UNESCO.
Sepúlveda era, na altura, amigo de Chico Mendes, herói da defesa da Amazónia. Dedicou a Chico Mendes O Velho Que Lia Romances de Amor, o seu maior sucesso.
Na Nicarágua integrou as brigadas sandinistas. Emigrou, por fim, para a Alemanha, onde viveu ao longo de 14 anos e casou pela segunda vez, com Margarita Seven. Depois da separação mudou-se para Paris e mais recentemente para Gijón, onde reencontrou a sua primeira mulher, a poeta chilena Carmen Yáñez.
