Autor do ‘Livros com RUM’ acredita que a sociedade “não vai deixar cair o livro”

António Ferreira considera que a importância que a literatura tem na sociedade não vai desaparecer com a pandemia. Ainda assim, perspectiva uma realidade diferente para este sector devido à crise provocada pela proliferação do novo coronavírus.
Em consequência das medidas de contenção implementadas pelo Governo, o sector livreiro tem sido um dos mais fustigados. Os estabelecimentos estão encerrados e o funcionamento do mercado editorial encontra-se limitado. Em entrevista à Universitária, no Dia Mundial do Livro, o autor do programa ‘Livros com RUM’ teme que “muitas livrarias” não sobrevivam a este panorama.
“Não terão hipóteses porque são micro-negócios, muitos deles familiares. Não há um fundo de maneio em termos económicos que permita salvaguardar esta identidade”. Relativamente às livrarias que conseguirem resistir, António Ferreira acredita que “algumas vão ter de fazer concessões às grandes editoras”.
Por causa da pandemia, o Dia Mundial do Livro está a ser celebrado em formato digital um pouco por todo o mundo. O autor do programa que está há 13 anos no ar considera que a aposta das livrarias no online veio para ficar e acredita mesmo que parte delas poderá “enveredar por esse caminho” como forma de “sobrevivência imediata”. No entanto, se isso se tornar realidade, António Ferreira receia que “o espírito daquilo que é uma livraria [sobretudo contacto entre livreiros e clientes] acabe”.
Apesar de as previsões para o sector não serem animadoras, o autor do ‘Livros com RUM’ acredita que a sociedade “não vai deixar cair o livro”. “O livro e a cultura são pilares fundamentais da civilização, da educação e da identidade. Sem livros, sem cultura, não há absolutamente nada”, destaca.
