Covid-19. “Presidentes de câmara foram deixados à sua sorte”, diz Paulo Cunha

Paulo Cunha afirma que os presidentes de câmara não foram ouvidos “para nada” desde o início da pandemia.
O autarca de Famalicão critica a Associação Nacional de Municípios por não ter estado envolvida no processo e não compreende que o Governo tenha colocado secretários de estado a representar diferentes regiões do país, quando a situação exige respostas imediatas e conhecimento do território.
Na noite desta terça-feira, em entrevista à RUM, o presidente de Famalicão reiterou que se a regionalização fosse já uma realidade, o país tinha sido mais eficiente no combate à covid-19.
Sobre a figura de coordenação local criada há umas semanas pelo Governo, com a nomeação de secretários de estado por cada região, Paulo Cunha disse não compreender a decisão. “Quando vi o decreto, pensei que o Governo ia aproveitar a oportunidade para instituir os presidentes de câmara como coordenadores locais em todo este processo, mas não, o Governo fez mais uma nomeação”, atira. “Acham possível que agora este membro do Governo é que vai conhecer os 86 presidentes de câmara, os milhares de presidentes de junta, empresas e entidades de investigação? O representante fez um esforço brutal, mas os resultados são zero”, denuncia.
Na opinião do autarca, com regiões administrativas tudo seria mais simples e rápido. “A regionalização trazia mais coordenação. Nós não sentimos retaguarda do governo naquilo que é o nosso dia-a-dia. Fomos todos colocados à nossa sorte, dependentes dos nossos meios, para que alocando-os às nossas tarefas pudéssemos trazer resultados proveitosos para a nossa comunidade”, desabafa.
“Como é que se compreende que haja cinco CCDRN’s e a acção delas foi zero? Não foram chamadas, o Governo centralizou muito o processo. Os presidentes de câmara não foram ouvidos para nada. Não ouvi nada da Associação Nacional de Municípios”, critica Paulo Cunha.
Apesar disso, o presidente de Famalicão saúda o fortalecimento do diálogo entre autarcas de diferentes pontos do país para discutir e trocar ideias. “Há uma nova geração de autarcas, que não tem que ver com a idade, que partilha muito mais do que antes”, aponta.
