Comércio de Braga com quebras superiores a 60%. Apenas 1% com acesso a linhas de crédito

A Associação Comercial de Braga (ACB) lançou, esta quarta-feira, os resultados do segundo inquérito aos seus associados. No total, foram 183 as empresas associadas que responderam ao questionário que tinha como objectivo central identificar os efeitos da pandemia de Covid-19 na actividade das empresas. A RUM conversou com o Director Geral da ACB, Rui Marques, que deixou alguns alertas e sugestões para o futuro pós-pandémico.
63% dos associados registou quebras superiores a 60%.
Este são dados relativos ao passado mês de Abril, período em que 62% das empresas associadas mantiveram as suas portas fechadas. Rui Marques adianta que 24% estavam parcialmente encerradas e apenas 14% continuaram a laborar.
De acordo com o inquérito, o sector mais afectado pela crise provocada pelo novo coronavírus foi o da restauração e alojamento. Já o mais resiliente é o sector da indústria.
Só 1,6% dos associados da ACB recebeu financiamento das linhas de crédito.
Este é um dos dados que mais preocupa a ACB e os próprios empresários da região. Actualmente, 10% das empresas viram os seus pedidos recusados, 64,1% ainda se encontram em processo de análise do Banco ou da Sociedade de Garantia Mútua, e 23,4% têm os seus processos aprovados, mas aguardam a realização da transferência bancária.
Recorde-se que a Linha de Crédito Capitalizar já aprovou 19.125 operações, com um montante de financiamento de 1.460.878 mil euros, correspondendo a uma taxa de utilização de 91% face ao valor da Linha, o que significa que este mecanismo tem a sua capacidade de resposta praticamente esgotada.
Num universo de 183 empresas que responderam ao inquérito da ACB, 68% recorreu ao mecanismo de lay-off simplificado. À Universitária, o Director Geral da ACB frisa que com a reabertura do comércio, cerca de metade das empresas prevê manter-se em lay-off com o mesmo número de funcionários.
Contudo, 23%, apesar de recorrerem ao lay-off, confessam que irão reduzir o número de colaboradores, uma decisão que poderá significar a não renovação de contratos a termo. De destacar também que 21% vai prescindir deste instrumento.
77% dos empresários associados da ACB consideram que as medidas implementadas pelo Governo estão aquém das necessidades.
Para Rui Marques, o Governo deve “reforçar as linhas de crédito para as empresas”. Para além disso, o responsável considera fundamental que o executivo central prorrogue o regime de lay-off simplificado, uma vez que a retoma vai ser lenta.
Outro dos aspectos esquecidos pelo Governo, na óptica da ACB, está relacionado com a questão das rendas. “No mês de Julho as empresas vão ter de pagar a sua renda normal acrescendo dos duodécimos daquelas que ficaram em atraso. O que nos parece, é que a maioria das empresas não terá capacidade de tesouraria para fazer face a este encargo. É preciso voltar a olhar para este regulamento e fazer as devidas alterações, ou seja, reduzir as rendas e alargar os prazos de pagamento”, sugere.
Recuperação da economia poderá demorar dois anos.
O Director Geral da ACB acredita que o efeito da crise provocada pela Covid-19 não será imediato. Rui Marques estima que “poucas empresas fechem portas”, contudo isto não significa que a crise não seja “dura”. O responsável frisa que as consequências desta crise económica serão reveladas ao longo do tempo.
Segundo as últimas projecções, para regressar a níveis pré Covid-19 serão necessários aproximadamente dois anos. No entanto, Rui Marques realça que tudo irá depender da evolução da própria pandemia.
