Mobeybou. Muliculturalidade e saber para os mais novos

Promover o multiculturalismo e o interesse pelo conhecimento são dois dos objetivos do Mobeybou, acrónimo de “Moving Beyond Boundaries: Designing Narrative Learning in the Digital Era”. Este é um projecto que está a ser desenvolvido no Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho e que conta com o financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e do FEDER.
Cristina Sylla, coordenadora do Mobeybou, é a convidada desta noite do programa UM I&D. Aos microfones da Universitária a investigadora explica que este trabalho é composto por “livros interactivos e blocos físicos” que permitem a crianças, essencialmente, entre os cinco e os oito anos desenvolverem competências como a criação de narrativas e literacia digital. Para além de facilitar a aprendizagem e incutir conhecimentos gerais sobre o mundo.
Actualmente, a equipa está a desenvolver uma aplicação em realidade aumentada que irá permitir aos mais pequenos, em casa com os pais ou na escola com os professores, explorar locais idealizados do país em questão. Por exemplo, uma floresta no Brasil ou as ruas movimentadas da Índia.
De acordo com Cristina Syyla, que faz parte do Interactive Technologies Institute (LARSyS), cada cultura que está presente no Mobeybou tem uma aplicação que conta com uma história interactiva que envolve todos os personagens da interface principal que são os blocos físicos.
O primeiro livro teve como cenário principal a Índia. As próximas histórias vão levar os personagens, sempre duas crianças e um animal de estimação, ao Brasil, Cabo Verde, Portugal, Alemanha, Turquia e Angola. Todos países que têm habitantes em terras lusas e com os quais existe uma ligação histórica.
Todas as curiosidades que são incutidas nas histórias do Mobeybou são alvo de um processo de pesquisa “intensa”. “Realizamos entrevistas com pessoas do país em questão, ou seja, aquele onde vai decorrer a acção da história. Com os cidadãos de cada país tentamos perceber quais os costumes, como se vestem, quais os animais típicos da região. Além disso, localizamos o país no mapa mundo para dar essa indicação aos mais pequenos. A título de exemplo para o Mobeybou no Brasil fizemos workshops com muitos brasileiros que vivem em Braga. Temos, também, uma colaboradora que é de Cabo Verde e que está a validar todos os conteúdos”, explica. No fundo trata-se de uma oportunidade destes cidadãos contarem histórias com as quais se identificam.
Esta é uma ferramenta que pretende “despertar nas crianças” a vontade de descobrir e conhecer mais sobre o mundo. “Dar informação para que eles possam criar algo seu, nomeadamente, através das narrativas para os blocos físicos que apenas possuem sons ambientes”, refere.
Posteriormente, a equipa pretende fazer um levantamento sobre os conhecimentos adquiridos, como regem as crianças à multiculturalidade, se o Mobeybou ajudou na construção de narrativas e também como foi, depois do Mobeybou, a interacção entre crianças de diferentes nacionalidades.
Uma ferramenta importante para o combate ao racismo, uma vez que o “conhecimento aproxima”. O projecto Mobeybou vai entrar, agora, na sua segunda fase. O trabalho será realizado em conjunto com escolas de Braga e do Porto. No futuro a equipa tem a ambição de passar para a comercialização dos blocos físicos.
Recorde-se que as aplicações do Mobeybou, os livros interactivos, estão disponíveis para Android e IOS de forma gratuita em português e inglês.
