Director do Theatro Circo pede seriedade ao Governo

Apesar de compreender a complexidade do sector cultural em tempos de pandemia, Paulo Brandão, programador do Theatro Circo, esperava que a Ministra da Cultura ouvisse os responsáveis dos teatros do país. Abrir as casas culturais a 1 de Junho é o objectivo do Governo, mas ainda se sabe muito pouco do que poderá ou não ser feito. É preciso tempo para adoptar medidas e pairam muitas dúvidas quanto à realização de espectáculos para menos de meia centena de pessoas numa plateia com capacidade para 400. Em conversa com a RUM, o director do Theatro Circo afirmou que as normas entretanto adiantadas pelo Governo e pela DGS “colocam aos teatros uma situação muito complexa”. No Theatro Circo, a plateia “pode passar de 400 lugares para 44”. Por isso, esta reabertura “pode ser constrangedora”.
Mas as preocupações ultrapassam a assistência. É preciso olhar para o palco e para as equipas técnicas. Paulo Brandão arrisca até numa comparação com o futebol para “simplicar”. “Há projectos impraticáveis ou muito complexos de montar em palco. No futebol são onze de cada lado, mas um jogo sem público pode envolver centenas de pessoas. O teatro também é assim: podemos ter um actor no palco e ter trinta ou quarenta ou cinquenta pessoas nos bastidores“, exemplifica.
A reabertura destes espaços culturais está prevista para 1 de Junho e as regras são aguardadas “com expectativa”. Com normas “claras”, o Theatro Circo “vai contactar os artistas e lançar uma agenda, mas sem a preocupação de ser em Julho ou em Agosto”. Tudo depende da velocidade com que Governo e DGS apresentam as normas e da velocidade com que os espaços se adaptam.
“O sector cultural é mais delicado, porque é feito em espaços fechados ou tem muita gente, mas é preciso trabalhar de uma forma mais séria, ouvindo as estruturas e acelerando o processo, porque os artistas precisam de trabalhar”, alerta.
Nesta altura o Theatro Circo está com quatro ateliers online e as inscrições “estão quase esgotadas”. “É uma oportunidade de não estar sem programação”, confessa. A última (online) tinha acontecido em Abril, aquando do aniversário do Theatro Circo.
