10 de Junho é “o momento para acordar” para a mudança necessária, diz Marcelo

O Presidente da República lançou um desafio ao país: “O 10 de Junho é o momento para acordarmos” para a nova realidade que a pandemia nos trouxe e deve aproveitar-se “o instante irrepetível” para as mudanças necessárias e “fazer um Portugal com futuro”.
A partir dos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, com apenas seis convidados e ao lado do presidente da comissão das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o cardeal Tolentino de Mendonça, Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso interpelativo: “Percebemos mesmo o que se passou e se passa ou preferimos voltar ao passado? Percebemos todos que a pandemia não terminou e estamos longe do fim da crise?”
“Percebemos mesmo que a pandemia foi global, exacerbou egoísmos e intolerâncias, parou economias, refez fronteiras, congelou comércios ou pensamos que tudo foi um exagero político e mediático?”, questionou Marcelo Rebelo de Sousa, num discurso pontuado por perguntas.
Por diversas vezes e com diferentes perspectivas, colocou frente a frente as duas visões distintas que entende existirem no país: aquela que defende que devemos continuar todos em casa e a outra que defende que tudo deve voltar a ser como era antes da pandemia.
Lembrando que “os políticos fizeram uma trégua de dois meses e uniram-se no essencial”, Marcelo questiona se agora “achamos que já é a hora de fazer cálculos pessoais ou de grupo, de preferir o acessório àquilo que durante meses considerámos essencial, de fazer de conta que o essencial já está adquirido, já passou, já cansou, já é um mero álibi para apagar a liberdade e controlar a democracia”.
Apontando um caminho mas temendo que não se caminhe, Marcelo desafiou: “Temos, nos meses e anos próximos, de mudar o que é preciso mudar, com coragem e determinação, ou preferiremos remendar, retocar, regressar ao habitual, ao já visto, como se os portugueses se esquecessem do que lhes foi, é e vai ser pedido de sacrifício e se satisfizessem por revisitar um passado que a pandemia submergiu”.
“Heroísmo ilimitado” na saúde
O Presidente da República quis fazer também uma homenagem aos profissionais da saúde que têm estado na primeira linha de combate à pandemia , considerando que têm tido um “heroísmo ilimitado a fazer de carências e improvisos excelência e salvaguarda de vida e saúde”.
Num discurso curto, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que vai fazer, logo que possível, duas homenagens: uma simbólica a todos os “heróis” da saúde, galardoando os primeiros profissionais que tiveram contacto com a pandemia com a Ordem de Mérito. A outra às vítimas mortais de covid-19, numa cerimónia ecuménica, com a participação de diferentes credos e de não-crentes.
Público
