Braga a meio gás. Maioria dos comerciantes não teve apoios do Estado

Por estes dias, Braga continua a ser uma cidade a meio gás. Apesar do bom tempo, as ruas e esplanadas continuam com pouca procura durante a semana visto que os turistas ainda não rumaram à cidade bimilenar. Esta segunda-feira, a Universitária auscultou alguns empresários do sector do vestuário, calçado e restauração. No geral, as respostas confirmam períodos de grandes dificuldades. Quanto às expectativas para os próximos meses de Verão, ou mesmo para o próximo ano, não são animadoras.

Área das cerimónias com quebras entre os 80 e 90%. “Futuro é uma incógnita”, Arminda Pereira, Estrelas e Companhia.

Baptizados, casamentos e comunhões são os impulsionadores das vendas de Arminda Pereira. Com praticamente todas as cerimónias canceladas devido à pandemia de Covid-19 as vendas na loja “Estrelas e Companhia” caíram a pique. Em Maio de 2019, a loja facturou 10 mil euros. Em 2020, no mesmo mês, apenas alcançou os mil euros. 


Sem qualquer apoio do Estado, a comerciante coloca agora toda a sua esperança nos clientes estrangeiros. “Sinto um pouco de movimento porque alguns padres já começaram a fazer cerimónias na cidade. Por exemplo, por fim-de-semana fazem a primeira comunhão cerca de quatro crianças”, refere.


Quanto ao futuro, esse continua a ser uma “incógnita”. A comerciante prevê que 2021 traga algumas dificuldades. No entanto, o pior, na sua opinião,  será para as fábricas que não vão conseguir escoar os artigos, visto que os lojistas “não vão comprar”. 


“A Câmara Municipal de Braga devia apoiar mais o comércio tradicional”, Conceição Ferreira da sapataria Starlet.

O sector do calçado também regista uma queda nas vendas. A sapataria Starlet é outro dos exemplos de um estabelecimento que não teve acesso a ajudas da parte do Governo, mesmo com quebras na ordem dos 80%. 

Conceição Ferreira e Artur Marques, outro dos responsáveis pelo espaço, consideram que a autarquia deveria apoiar mais o comércio local e tradicional bracarense. 

“A cidade está a morrer tirando as festinhas como a Noite Branca. O Município está a fazer muito pouco, Braga está a regredir em relação, por exemplo, a Guimarães que tem mais vida”, defendem.

Os comerciantes avançam mesmo com uma sugestão que, na sua óptica, seria muito benéfica para todos os lojistas da cidade dos arcebispos. A ideia passa por isentar os clientes que fazem compras no comércio local do pagamento dos parques da cidade, uma vez que é muito complicado estacionar no centro da cidade. Um facto que acaba por beneficiar as grandes superfícies comerciais de Braga.

“Coberturas dos exteriores para as pessoas andarem no Inverno. São projectos que já se fala há muitos anos e que não avançam”, recorda Artur Marques. 

Empresários da restauração ainda não foram reembolsados pela Câmara Municipal de Braga

Marisa Matos, da confeitaria do Arco, e Fernando Silva, do café Bom Jesus, são dois exemplos. Aos microfones da RUM, afirmam ter pago “antecipadamente” pela ocupação do espaço público para as esplanadas dos estabelecimentos e até ao momento garantem que não foram reembolsados pelo município.

Contactado pela Universitária, o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, declara que todos os comerciantes que endereçaram pedidos de reembolso já viram o processo regularizado. 


Turismo sénior será a grande aposta de 2020. 

“Tínhamos grandes expectativas para o mês de Junho o que acabou por não se concretizar. Acreditamos que em Setembro as coisas melhorem com o turismo sénior, pois a cidade está mais tranquila e o clima está mais agradável. Pode haver um acréscimo”, afirma Marisa Matos.

A confeitaria Arco é um negócio familiar e, como os exemplos anteriormente elencados pela RUM, não conseguiu nenhum apoio do Estado. A maior perda foi “na hora do pequeno-almoço”. Já em termos de refeições servidas passaram de 130 para aproximadamente 30.


No café Bom Jesus o único produto que continuou a fazer parte do dia-a-dia dos bracarenses foi o pão. Fernando Silva assegura que a padaria manteve as vendas, mas as diárias “reduziram em 80%”.

Para João Brandão, do restaurante Pecado da Sé, o mercado continua “inconstante”, sendo que actualmente não estão “nem a 50% do que era” normal para esta época do ano. Quanto ao take-away, visto por muitos como uma boa solução, não passou de uma forma de “marcar presença no mercado”, visto que de acordo com João Brandão, “em termos de facturação os resultados foram fracos”. 

“As pessoas estão a ganhar confiança” – Telmo Peixoto da loja “Closed”

Muito por força do período de saldos, as coisas começam a ganhar um outro ânimo na loja de pronto a vestir. Telmo Peixoto frisa que foram implementadas todas as normas para a segurança dos colaboradores e clientes. 

“O comércio local é mais vantajoso para as pessoas fazerem as suas compras. Não existem grandes aglomerados e estamos ao ar livre. Aqui só atendemos três pessoas de cada vez”, explica.

Na opinião do responsável, o Município de Braga está a fazer “o possível e o impossível para ajudar”, e por isso está “contente com a Câmara Municipal de Braga”. 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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