Regresso às aulas. Alunos e pais dizem que presencial é melhor mas admitem medo

Pouco antes das 9 horas desta quinta-feira, dia 17, abriam-se as portas da Escola Secundária D. Maria II, em Braga, no arranque do ano lectivo 2020/2021.

Os alunos do 10º e do 11º ano, a maioria de máscara, aproximavam-se timidamente da entrada à espera das indicações das auxiliares, que se encontravam a controlar o acesso. Com uma folha na mão, as funcionárias erguem a voz e dizem o nome de cada turma. O aluno chega à porta, desinfecta as mãos, e entra na escola. Os pais, ao longe e nos respectivos automóveis, verificam se tudo está em ordem.

“Este regresso é de todo o desejado”, lamenta Ana Isabel Sani, uma mãe que assume, no primeiro dia em que deixa a filha na escola, ser favorável ao ensino presencial. “Sou professora e sinto que o contacto presencial com os alunos é muito mais significativo em termos de aprendizagem e é preferível que o ensino à distância”.

Com a obrigatoriedade de garantir o distanciamento físico, o regresso às aulas na D. Maria II aconteceu esta manhã apenas para os alunos do 10º e 11º ano. São estudantes que estiveram em casa mais de meio ano e a retoma à escola causa sentimento misto: é melhor aprender na sala de aula mas o vírus não desapareceu e o medo do contágio também não.

“Foi uma má experiência ter estado em casa mas preferia porque ainda é possível apanhar o vírus. Eu e os meus pais temos medo mas vamos tentar seguir as regras ao máximo”, avalia Leonor Lima, estudante de 14 anos que chega agora ao 10º ano para frequentar o curso de Ciências e Tecnologia. A nova etapa implica a adaptação a novas disciplinas, colegas e professores, mas o vírus, reconhece a estudante, pode atrapalhar, pelo menos numa fase inicial. “O receio ainda está muito presente mas vou tentar concentrar-me nos estudos e dar o meu melhor”.

Uma das disciplinas no programa de estudos é Educação Física, unidade curricular prática, que sugere o uso dos balneários. Na D. Maria II, ao contrário da maioria das escolas, o acesso a banhos não está vedado mas sim limitado à utilização de três estudantes em simultâneo, no balneário feminino e masculino.

“Apesar dessa medida, estamos fechados num espaço e o risco de apanhar a doença existe”, diz Bruno Ramos, 15 anos, aluno do 11º ano, que assume que se não houver banhos “é desconfortável, por estarmos depois todos juntos nas outras aulas”.

Na cantina, o acesso também será limitado a um quarto da lotação e serão servidas entre 50 a 60 refeições em simultâneo. São medidas que têm o objectivo de minimizar o risco de contágio e o surgimento de surtos que obriguem o regresso a casa. Do lado dos pais, a presença na escola é determinante para aprender mas um eventual retorno ao domicílio não implica grandes entraves, pelo menos para alguns.

“A minha profissão permite-me estar em teletrabalho e, felizmente, posso ter o meu filho em casa. Em termos de estudo, eles tiram mais proveito quando estão directamente na escola. Senti isso nos últimos meses”, aponta Artur Correia, encarregado de educação de um dos mais de 3 mil estudantes da escola bracarense.

Experiência de Maio dá confiança aos pais e alunos

8h00. As portas da Escola Secundária Alberto Sampaio já estavam abertas para receber os alunos. Faltava uma hora para começarem as primeiras aulas, que serviram sobretudo de apresentação do novo ano lectivo.

À entrada da escola encontrava-se um funcionário, que indicava os locais para onde os estudantes se deviam dirigir: de forma a evitar ajuntamentos, nos próximos tempos, haverá quatro espaços sinalizados para os alunos entrarem no estabelecimento de ensino. Se esta realidade é uma novidade para a maior parte dos jovens, não é inédita para os que fizeram a preparação para os exames nacionais do 11º ano.

“As regras são praticamente as mesmas. As entradas da escola mantêm-se”, começa por dizer Fábio Lima. Agora no 12º, na área de Ciências e Tecnologias, o estudante considera que, após a primeira experiência, sente “uma maior confiança para o novo ano”. “Na altura, quando regressámos em Maio, notei várias diferenças, como um maior distanciamento e uma elevada preocupação com a lavagem das mãos”, recorda.


Depois do teste inicial no fecho do último ano, Soraia, também no 12º, mas na área de Ciências Socioeconómicas, reconhece que, desta vez, as contas são outras. “Temos de ter mais cuidados porque há mais gente na escola”. Ainda assim, a jovem estudante mostra-se “confiante de que tudo vai correr bem”. 

Essa perspectiva não é partilhada por Inês Silva, que vai entrar igualmente na recta final do ensino secundário. “Acho que, se isto continuar assim, com elevados casos de Covid-19, dentro de dois meses, no máximo, a escola vai voltar a fechar”, atira.


Expectantes sobre esta nova fase na vida dos filhos, uma parte significativa dos pais acompanhou in loco o regresso às aulas. “O facto de os miúdos voltarem à escola faz parte da normalidade que a gente pretende”. Com a filha em ano de exames nacionais, Carlos Azevedo destaca a necessidade de Sofia, tal como os colegas, “receberem todo o apoio que os professores podem dar”, considerando, nesse sentido, mais adequado o ensino presencial.

Na mesma linha de pensamento, Cecília Duarte enaltece que “a vida tem de continuar” e que, neste momento, “o pior inimigo não é o vírus, mas sim o medo”. “Os alunos têm de ser responsáveis, como aconteceu no regresso em Maio, e usar máscara, máscara, máscara”, finaliza.

*Pedro Manuel Magalhães e Tiago Barquinha Gonçalves

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