“Talvez um dia” estreia esta sexta-feira na Casa das Artes de Famalicão

Depois da paragem forçada pela pandemia da Covid-19, a Companhia Fértil Cultural e o Teatro Tiago Bernardes apresentam, esta sexta-feira, na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, a peça “Talvez um dia”, assinada por Rui Alves Leitão. 

Em palco, durante toda a encenação estão apenas duas actrizes, Neuza Fangueiro e Tanya Ruivo, acompanhadas por um músico. A coprodução esteve para estrear a 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, mas acabou adiada devido à crise pandémica que assola o mundo, desde essa altura.

A dois dias de subirem ao palco pela primeira vez, depois do confinamento, a RUM falou com uma das actrizes.

Neuza Fangueiro é uma das personagens da história que pretende servir de “apelo à inércia das pessoas, da espera e da esperança que alguma coisa aconteça”. “Nós vivemos num caos e as pessoas estão sempre à espera que alguém faça algo por nós, mas nunca temos a iniciativa de fazermos nós próprios alguma coisa”, disse a actriz. 

O objectivo é, então, “sensibilizar as pessoas para essa iniciativa de fazermos algo diferente para que as coisas mudem”. “Cruzeiro Seixas disse um dia que vivemos as dores de parto de uma nova humanidade e continuamos a vivê-las, porque continuamos à espera que a nova humanidade surja”, denotou ainda Neuza Fangueiro.

“O sector da Cultura é o parente pobre, praticamente é esquecido”

Esta é a primeira vez que o elenco sobe ao palco em espaço fechado e sujeito a regras impostas pelas autoridades de saúde. Entre as normas, está o uso obrigatório de máscara. “É a nova realidade a que temos mesmo que nos adaptar. No início custa um bocadinho, mas, depois, habituamo-nos”, afirmou. 

A actriz assume ser “estranho” actuar para um público cujo rosto está tapado por uma máscara. “O teatro vive da simbiose entre o público e quem está em palco. As pessoas ficam sem rosto, não percebemos muito bem a expressão delas, se estão a gostar ou se lhes está a chegar alguma coisa”, acrescentou.

De regresso ao palco, a actriz não esquece as dificuldades a que o sector está sujeito, apontando-o como o parente pobre. Fazendo jus à peça, Neuza Fangueiro espera que “talvez um dia” algo seja feito em Portugal pela Cultura. 

“Vivemos sempre na inexistência. O sector da Cultura é o parente pobre, praticamente é esquecido. Mesmo com os apoios, que não suficientes há muitos anos, é uma luta constante. O ministério não está atento a esta sede que há no público em consumir espectáculos culturais”, frisou a artista. 

“Talvez um dia” sobe ao palco da Casa das Artes esta sexta-feira, às 21h30, e repete no sábado à mesma hora. Os bilhetes custam oito euros, metade para quem tem cartão quadrilátero. Em Outubro, a peça segue para o Theatro Gil Vicente, em Barcelos, onde se apresenta no dia 2. Depois disso, a 9 de Outubro a criação de Rui Alves Leitão sobe ao palco do Teatro Diogo Bernardes, em Ponte de Lima.

Na sexta-feira, depois da estreia, a Associação Fértil Cultural lança a revista “Sigilo Público”, uma edição que pretende ser um espaço de partilha de ideias e práticas artísticas, culturais e educacionais aliadas à arte, que almeja ocupar um lugar entre as escassas edições deste género.

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Liliana Oliveira
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Sara Pereira
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