Desfolhada e vindima: as tradições que ultrapassam gerações

Entramos no portão da Quinta Pedagógica de Braga, esta quinta-feira, e ao longe já se viam as espigas de milho. Prontas para a desfolhada. A tradição é antiga e o saber tem passado de geração em geração. Exemplo disso, é Diogo Vilaça. Aos nove anos, o aluno do Centro Escolar de S. Frutuoso aprendeu com o avô a arte de vindimar e de desfolhar o milho. 

“Aprendi em Ruilhe, com o meu avô. Pego no milho, tiro a folha e começo a fazer força para tirar o caroço de dentro”, explicou. Dito assim, parece fácil, mas a lição vai mais longe. Diogo também aprendeu com o avô António a fazer vinho. “Nas vindimas, piso as uvas e outras vezes apanho-as. Sempre que venho à Quinta Pedagógica lembro-me do meu avô e é um dia diferente”, afirmou. 


Com a chegada do mês de Setembro, revivem-se as tradições. A vindima e a desfolhada são duas actividades que, todos os anos, levam à Quinta Pedagógica, miúdos e graúdos. Este ano, fruto das circunstâncias, não foi possível proporcionar o já habitual encontro de gerações. Ainda assim, ele permanece vivo, pela história que o Diogo contava a todos os amigos, com quem partilhava os ensinamentos do avô António. 

Ainda que o mundo se depare com uma pandemia, a Quinta não quis deixar de viver a tradição. Para isso, foi necessário desenvolver um Plano de Contingência, aprovado pela divisão da Protecção Civil da Câmara Municipal de Braga, que prevê o distanciamento e a limitação de participantes, bem como o uso obrigatório de máscara. 

Para evitar deslocações de autocarro, foram os alunos do Centro Escolar de S. Frutuoso, que se situa na mesma rua da Quinta, a particiar na iniciativa, divididos por grupos de 45 crianças em dois dias. 

Apesar da pandemia, “continua a cultivar-se o milho e as vides continuam a dar uvas”, sendo esta uma forma de “homenagear o mundo rural”, afirmou o vereador do Ambiente Altino Bessa. “É também uma forma de os miúdos perceberem que os produtos existem e não nascem das estantes do supermercado, assim como valorizarem quem trabalha nesta actividade”, acrescentou. 


Para o vereador, esta é também a oportunidade de “incentivar os jovens a dedicar-se a esta actividade, no futuro, vendo-a como uma fonte de rendimento”.

As uvas estão colhidas, o milho desfolhado. Espera-se o vinho e o pão, com o toque desta nova geração, que mantém viva a tradição.

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Liliana Oliveira
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Carolina Damas
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