“Nobel para Louise Glück é uma surpresa e Academia voltou ao mau caminho”

Na opinião de António Ferreira, autor do programa Livros com RUM, a atribuição do prémio Nobel da Literatura 2020 à norte-americana Louise Glück é uma surpresa… negativa.
“É uma surpresa. Pensou-se que a Academia iria entrar, este ano, num bom caminho, mas não, voltou à cepa torta”, refere o bibliófilo, que considera a vitória da poetisa de 77 anos um marcar de posição por parte da Academia sueca.
“Acusam a Academia de desprezar a literatura norte-americana por causa do domínio da cultura de Hollywood e quiseram mostrar, primeiro com Bob Dylan em 2016 e agora com Louise Glück, que estão muito atentos a tudo, até aos nichos”.
António Ferreira assume não conhecer a obra da poetisa de 77 anos mas depreende que a autora seja fortemente influenciada por Emily Dickinson, razão insuficente para ser galardoada. “Há poetas e romancistas argentinos, homens e mulheres, que nunca receberam o prémio, algo que é inadmissível”, acusa.
O bibliófilo entende ainda que, entre os favoritos para levar o Nobel da literatura, o queniano Ngugi Wa Thiong’o seria o mais justo vencedor.
Na hora do anúncio, a Academia sueca justificou a atribuição do prémio a Louise Glück pela “inconfundível voz poética”. A poetisa norte-americana aborda, na sua obra, aspectos do desejo e da existência individual.
