“Se os empresários usassem as metodologias do Governo estavam todos falidos”

Os empresários acreditam que a informação que é transmitida pelo Governo liderado por António Costa, em relação aos apoios destinados às empresas, deve ser mais rigorosa e concisa. Além disso, as medidas de apoio devem ser implementadas de forma mais célere.
Estas foram algumas das posições dos oradores que participaram, esta segunda-feira, na webinar “Impactos da Covid-19 no Turismo em Braga”, organizada pelos estudantes da Licenciatura em Turismo da Universidade Católica Portuguesa.
Com um novo confinamento geral à vista, Carlos Silva, administrador da InvestBraga, defende a disponibilização de novas linhas de apoio para fazer face às necessidades reais das empresas portuguesas. “Não é a empresa que escolhe fechar durante este período. Não estávamos numa trajetória de descida”, afirma.
Em 2020, o Altice FORUM Braga registou perdas superiores a 1 milhão de euros. Cenário que é explicado pelo cancelamento de 38 eventos e uma quebra de 95% nas visitas ao antigo Parque de Exposições de Braga (PEB).
Carlos Silva acusa o executivo central de falta de planeamento, frisando que “se os empresários portugueses usassem as metodologias do Governo neste momento estavam todos falidos”.
Linhas de crédito não. Capital a fundo perdido, sim.
A posição é do diretor-geral da Associação Comercial de Braga (ACB), Rui Marques, que durante a sessão voltou a garantir que as linhas de crédito servem apenas para endividar as empresas. Desta forma, terão mais encargos financeiros e, por conseguinte, mais dificuldades em recuperar.
O responsável alerta para a crescente burocracia e dificuldades das pequenas e médias empresas acompanharem a “dinâmica regulamentar” que o Governo está a implementar.
“Quase todos os meses temos as mesmas medidas com regras distintas, de tal modo que as empresas acabam por deixar de recorrer a estes mecanismos”, declara o diretor-geral da ACB que aproveita para recordar que “a maior parte das empresas portuguesas não têm serviços jurídicos internos”, logo são incapazes de acompanhar estas constantes alterações para aceder aos apoios.
Na ótica do responsável, para que esta crise económica e social não se transforme numa depressão é essencial que o Governo e as empresas, em particular, consigam manter os postos de trabalho. Outro fator importante para Rui Marques é o incentivo à qualificação das pessoas. Por último, o Governo não pode deixar de parte a fomentação do investimento.
Que impactos teve a pandemia de covid-19 em Braga?
A cidade dos arcebispos contabilizou uma quebra sem precedentes nas dormidas. Em 2019, Braga atingiu as 640 mil dormidas. Já a estimativa de 2020 aponta para as 284 mil, um número inferior ao registado em 2013 (293 mil).
A maior quebra foi registada no setor das agências de viagens (75,1%), seguem-se os alojamentos turísticos (55,6%), os restaurantes e similares (40,9%), moda e acessórios (37%) e o comércio e serviços (13,7%).
Ao nível do desemprego, foram registados 1.200 novos desempregados no mês de Março. Porém o número tem estabilizado. Quanto à demografia empresarial, entre janeiro e novembro de 2020, existiram menos 829 constituições e menos 289 dissoluções de empresas em todos os setores.
De acordo com os especialistas da Organização Mundial do Turismo é expectável que a recuperação económica, para os mesmos níveis alcançados em 2019, seja atingida entre 2023 e 2024. A questão recai sobre o ritmo deste processo.
“Neste momento a única certeza que temos é a incerteza”, diretor regional de operações do Vila Galé.
Devido à falta de procura a unidade hoteleira que abriu portas em Maio de 2018 na cidade dos arcebispos está encerrada. O ano passado foi particularmente desafiante para a cadeia de hotéis, visto que registou uma quebra de 65% em dormidas, em Braga. Passou de 50 mil em 2019 para 18 mil em 2020. Contudo, Braga não foi das cidades mais afetadas pela pandemia de Covid-19.
O administrador regional de operações do Vila Galé, Carlos Alves, acredita que em quatro anos será possível regressar aos números de 2019. Descontos maiores para quem passar mais tempo no hotel pode ser uma das estratégias a utilizar para cativar mais turistas. A divulgação da história do edifício onde estão localizados é outra das possíveis apostas.
Quanto a este novo confinamento declara que nenhum empresário cria um negócio para o fechar, logo “tem que saber com o que pode contar, uma vez que não encerrou portas por sua vontade”.
Município de Braga sem grandes expetativas em termos de eventos em 2021.
O vereador com a pasta do Turismo na Câmara Municipal de Braga, Altino Bessa confessa que “não tem grandes expetativas” no que toca à realização de eventos populares de rua. Quando questionado sobre a possibilidade da cidade dos arcebispos sair à rua em Junho, para o São João, Altino Bessa diz estar pessimistas no que toca a essa matéria.
“A acontecer, nas melhores das hipóteses, será a Noite Branca ou o Braga Natal”, contudo não se compromete devido à imprevisibilidade da evolução da pandemia no país. O vereador conta com a imaginação de todos para, pelo menos, assinalar as festividades.
Para fazer mexer o turismo, a autarquia pensou em soluções alternativas para quem pretende visitar a cidade bimilenar. Trata-se do “Virtual Tour”, que como o nome indica irá permitir uma visita virtual aos principais pontos turísticos de Braga. Brevemente será inaugurada a Loja do Turismo, em parceria com a Entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal.
