Autarca de Guimarães admite perda de habitantes por falta de casas no concelho

O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, reconheceu hoje, em sede de reunião de executivo municipal, que a ausência de oferta de habitação tem contribuído para a diminuição do número de habitantes no concelho.
O autarca do PS referiu que Guimarães perdeu 3358 habitantes entre 2014 e 2019, assinalando que o município quer inverter a tendência através da realização de projetos imobiliários no Monte Cavalinho, no quarteirão da Rua da Caldeiroa, em Azurém, entre outros espalhados pelo território. São projetos, considerou, que “a curto prazo” vão oferecer “mais de 3 mil habitações” no concelho.
Ainda sobre a habitação, Domingos Bragança revelou que a autarquia terá de rever, em breve, o PDM (Plano Diretor Municipal) para transformar elegíveis para construção alguns terrenos localizados nas nove vilas do concelho, não só para casas mas também para “escolas”, como em Ronfe. No entanto, garantiu que a revisão do PDM, que pode ocorrer ainda este ano, só será feita em “discussão pública com os vimaranenses”.
Oposição diz que governação PS está “esgotada e cansada”
O presidente da Câmara de Guimarães abordou a falta de habitação no concelho depois de ter sido confrontado por Ricardo Araújo, vereador da oposição, formada pelos partidos PSD e CDS, que acusou a gestão socialista de estar “esgotada e cansada”.
A acusação surge na sequência do mais relatório publicado pela CCDR-Norte sobre a captação de fundos europeus por concelho na região Norte, no âmbito do programa Portugal 2020.
No relatório, Guimarães surge na 8ª posição entre os 86 concelhos do Norte que mais fundos captaram entre junho de 2019 e junho de 2020, com 28,3 milhões de euros, abaixo de Braga, que captou 42,8 milhões. Em outros dois indicadores – a intensidade do apoio por habitante e o número total de operações aprovadas – Guimarães aparece não só abaixo de Braga mas também de Famalicão.
Os indicadores, acusou Ricardo Araújo, “são objetivos e oficiais, que traduzem a perda de atratividade e competitividade de Guimarães, quando comparada com os principais concelhos vizinhos” e demonstram “a incapacidade do PS de projetar o futuro”.
Referindo que Guimarães “perdeu centralidade a nível nacional há uma década” e está “a perder liderança no quadro regional”, Ricardo Araújo assinalou ainda a “incapacidade de atrair investimento e de fixar empresários locais quando têm projetos de expansão”, fatores que contribuem para a “perda de empresas e população”.
Guimarães “está sujeita a inveja”, diz Domingos Bragança
Na resposta às acusações, Domingos Bragança lembrou que o relatório da CCDR-Norte é referente a um ano e disse mesmo que, na captação de fundos europeus, Guimarães “está sujeita a inveja”.
O autarca sublinhou ainda que Guimarães não tem empresas municipais em várias áreas, dando o exemplo dos Transportes Urbanos de Braga, que “permitem a captação de fundos comunitários”. Em Guimarães, muitos desses apoios “são indiretos”, salvaguardou.
Finalmente, Domingos Bragança acusou a oposição de “puxar Guimarães para baixo” a reboque de “questões partidárias” e da proximidade temporal “das eleições autárquicas”.
