Binge drinking pode ter efeitos graves no cérebro dos jovens

A prática de binge drinking pode ter efeitos graves no desenvolvimento do cérebro em jovens entre os 18 e os 23 anos. O binge drinking é caraterizado pelo consumo de cinco bebidas, no caso do sexo masculino, ou quatro, no sexo feminino, num curto período de tempo.

Segundo o investigador Eduardo López Caneda, do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade do Minho (CIPsi), esta prática pode originar a perda de memória verbal, dependência, assim como anomalias e défices.

Em entrevista ao UM I&D, o investigador explica que, neste momento estão a tentar perceber se um indivíduo que consome diariamente bebidas alcoólicas tem menos probabilidades de vir a desenvolver patologias, em comparação com jovens que consomem uma vez por semana ou por mês, mas de forma excessiva. Os primeiros resultados apontam para uma maior dificuldade, no caso dos adolescentes, de equilibrar a composição química do cérebro.

Esta análise é possível através de eletroencefalogramas e/ou ressonâncias magnéticas que permitem registar a atividade elétrica no cérebro. Durante este período “os sujeitos são desafiados a fazer tarefas que envolvem processos cognitivos com recurso, por exemplo, à memória de curto prazo”. Outras das análises passa por medir os “estímulos alcoólicos”, ou seja, se os jovens ficam mais alerta quando vêm na rua um cartaz com uma cerveja. “Queremos perceber se esse potencial ativação tem relação direta com um maior consumo”.

Um dos objetivos do projeto passa especificamente por perceber se é possível treinar o esquecimento de imagens que incentivam ao desejo de consumir bebidas alcoólicas.

De acordo com o Relatório Anual em Matéria de Álcool e Respostas e Intervenções no âmbito dos Comportamentos Aditivos e Dependências, entre 2015 e 2019, o consumo de álcool e prática de binge tem vindo a aumentar, em jovens portugueses com 16 e 18 anos.

Recorde-se que em Portugal é proibida a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. Quando questionado sobre as possíveis respostas a este problema, Eduardo López Caneda refere o caso da Islândia.

No início do século XXI, o país contava com cerca de 50% dos jovens a consumir álcool e outras substancias. Atualmente, os valores estão próximos dos 5%. O investigador alerta que cada caso é um caso, por isso todas as medidas devem ser implementadas com base científica visto que os países não são iguais.

Contudo, o segredo da Islândia passou por “criar bolsas para atividades extracurriculares nas áreas do desporto e cultura”, exigir que os jovens passassem mais tempo com a família e, a mais polémica, limitar as saídas noturnas dos jovens entre os 12 e 16 anos”, sem a presença dos encarregados de educação. 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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