UMinho cria tecnologia que facilita deteção de bactérias em doentes Covid

O Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho está a desenvolver uma tecnologia para detetar rapidamente bactérias que causam infeções secundárias em doentes Covid. A expetativa é que comece a ser usada nos hospitais e em laboratórios de análises clínicas até ao final do ano.

Esta solução, que pressupõe a utilização de antibióticos específicos com base em proteínas de bacteriófagos (vírus que infetam apenas bactérias e não células humanas/animais e vegetais), ganha uma maior relevância nesta altura de pandemia. Em declarações à RUM, o responsável pela investigação explica que “a Covid-19, sendo uma doença respiratória viral, predispõe os doentes a infeções bacterianas secundárias”.

“Foi demonstrado que a grande maioria das mortes na altura da gripe espanhola foi causada por infeções bacterianas secundárias e não diretamente pela gripe. Além disso, num estudo feito em Wuhan, na China, foi revelado que 50% das mortes associadas à Covid-19 eram devido a essas infeções secundárias”, acrescenta.

Atualmente, na tentativa de debalar esse problema da forma mais célere possível, são utilizados antibióticos de largo espectro. No entanto, Sílvio Santos esclarece que, através desse recurso, que acaba por atuar em todo o organismo e, por isso, noutras bactérias, é potenciada “uma resistência bacteriana”. “Numa próxima infeção podemos não conseguir tratar o doente porque as bactérias estão protegidas contra o antibiótico”.

Assim sendo, a tecnologia utilizada pelo CEB é baseada em bacteriófagos, que são capazes de infetar bactérias com “grande especificidade”. “Estudamos os bacteriófagos, sequenciamos o seu genoma, determinamos os genes responsáveis por essas proteínas e depois produzimos essas proteínas, que nos vão ajudar a identificar a bactéria e, consequentemente, o antibiótico que é necessário”.

CEB estuda mecanismo mais eficaz antes de avançar para a certificação

Neste momento, a identificação é feita através de microscopia de fluorescência. No entanto, de forma a rentabilizar a tecnologia supracitada, os investigadores do CEB pretendem usar um espectrofluorímetro, que é “menos dispendioso e mais fácil de utilizar”.

Assim que terminar esta fase, que conta com a colaboração do Hospital de Braga e do Centro Clínico Académico de Braga, segue-se a concretização do protocolo de utilização desta técnica e, consequentemente, a sua certificação. “Se todos os testes correrem bem, contamos ver esta tecnologia implementada nos hospitais e laboratórios de análises clínicas até ao final do ano”, conclui Sílvio Santos.

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Tiago Barquinha
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Carolina Damas
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