“É preciso construir lares para pessoas com deficiência”, avisa presidente da AIA

O presidente da Associação de Apoio e Inclusão ao Autista (AIA) volta a alertar para a necessidade de o Estado começar a responder rapidamente às necessidades em diferentes níveis de deficiência e fases da vida, nomeadamente em faixas etárias mais avançadas.
Na RUM, Eduardo Ribeiro repetiu a ideia de que o Estado tem o dever de procurar soluções, também na intervenção precoce. “Se começarmos a combater e a procurar algumas soluções a montante, nesta parte de intervenção precoce, que não há muitas instituições a fazê-lo, depois há todo um progresso. Qualquer pessoa vai ficando mais idoso e vai tendo necessidades diferentes”, alertou. Lamentando que se olha sempre para estas questões “como um custo e não como um investimento”, Eduardo Ribeiro avisa que “mais investimento nas pessoas, melhor prognóstico, menos custos para o Estado a seguir”.
Portugal precisa de lares residência ou residências assistidas
O presidente da AIA alerta para outro problema que é preciso ter em conta: a construção de lares residência ou residências assistidas. Explicando que a resposta deve ser dirigida “de acordo com a severidade dos casos”, Eduardo Ribeiro lembra que “todos os autistas, pessoas com trissomia 21, paralisia cerebral, vão ter necessidade de cuidados de saúde mais tarde” e Portugal “não tem residências ou lares preparados para atender este tipo de necessidades”, algo que “já não está muito longe”, sublinha.
Confinamento trouxe retrocessos
Na mesma entrevista, Eduardo Ribeiro admitiu que o confinamento implicou atrasos nos utentes com perturbações do espectro do autismo, em particular nos adultos. Com a reabertura do Centro de Atividades Ocupacionais marcada para 5 de abril, explicou que o retrocesso exige que os exercícios com os utentes sejam agora reforçados. “No primeiro confinamento houve um retrocesso enorme que implicou um reajuste, repetição de atividades”, etc, uma vez que o recolhimento em casa quebrou rotinas”, adiantou.
O presidente da AIA assinalou, ainda assim, o facto de no que respeita aos mais novos, neste segundo confinamento, as terapias não terem sido interrompidas, o que trouxe “algum alívio aos pais” e em simultâneo “cumpriram a função de melhorar capacidades e formas de estar”.
Sabendo-se desde já que a saúde mental dos portugueses está a ser afetada com o confinamento, Eduardo Ribeiro lembra que nas famílias com pessoas autistas ou outras perturbações e deficiências, o impacto é ainda maior. “Podemos imaginar o impacto nestas famílias com “uma pessoa em casa que não percebeu porque é não pode ir ao CAO, porque é que não pode estar com os colegas, porque é que não pode fazer as suas caminhadas”. “É um desgaste enorme para as famílias, desabafa.
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