“Ainda não há uma verdadeira oportunidade para os jovens na política”

O novo presidente do Conselho Nacional de Juventude (CNJ) afirma que os grandes responsáveis políticos ouvem, mas continuam sem permitir verdadeiras oportunidades aos jovens.

Na noite desta terça-feira, em entrevista ao programa Campus Verbal, João Pedro Videira recusou a ideia de desinteresse dos jovens portugueses. Afirma que “vivemos num país que ouve, mas que tem dificuldades em concretizar”. O responsável recusa entrar “na guerra novos contra velhos”, mas diz que “têm faltado muitas oportunidades às novas gerações para fazerem parte da decisão”.

Reconhecendo que nas últimas legislativas se assistiu a “alguma renovação dos quadros parlamentares” com mais jovens nas listas, o presidente do CNJ considera que foi “manifestamente insuficiente” com menos de quinze deputados jovens no parlamento. “Não há ainda uma verdadeira oportunidade para os jovens fazerem parte da transformação social”, lamenta.

CNJ vai estudar listas candidatas nas autárquicas para conhecer grau de inclusão dos jovens


O CNJ prepara-se para realizar um estudo para avaliar as listas candidatas nas autárquicas que incluam jovens em lugares elegíveis. “É preciso continuar a trabalhar esse caminho. Vamos fazer um estudo para as autárquicas para perceber a renovação nas listas que são candidatos e depois naqueles que são eleitos. “Não interessa incluirmos muitos jovens nas listas, mas que estão em lugares que não são elegíveis porque acaba por ser só um número para inglês ver”, argumenta.


João Pedro Videira sublinha que “os jovens não estão alheados” da vida política. Analisando as eleições presidenciais, em que surgiram novas forças políticas e consequente renovação dos protagonistas, além de uma campanha vocacionada para redes sociais e televisão, o responsável explicou que os jovens tiveram mais acesso à mensagem e participaram mais. 

No estudo que acompanhou a participação jovem nas presidenciais de 2021, o responsável explicou que em 11.500 participantes de uma sondagem, a estimativa ronda uma participação entre os 45% e os 52%, ou seja, uma abstenção entre os 55% e os 48%. Dados que, na sua opinião, revelam que “os jovens não estão assim tão alheados”, ainda que sublinhe que “os números não podem deixar ninguém satisfeito”.


Vamos discutir a sério o voto aos 16 anos?

Ainda que o CNJ não tenha uma posição “formalmente vincada” sobre esta questão, João Pedro Videira refere que as posições “vão ao encontro do voto aos 16 anos para estimular desde cedo os jovens a participarem”. 

Sobre os argumentos relacionados com maturidade ou capacidade de decisão, o dirigente do CNJ lembra que muitas “pessoas com mais de 20, 30, 40 ou 60 anos também podem não ter maturidade ou capacidade e conhecimento para votar e vão”.

Dando o exemplo de Malta, em que o voto é permitido apenas nas eleições autárquicas ou países em que já é possível  votar em todas as eleições a partir dos 16 anos, o representante do CNJ considera que Portugal “precisa de trabalhar” a questão. “Gostávamos muito que nas próximas eleições isto já fosse possível”, admitiu depois de dar nota de que o trabalho junto dos grupos parlamentares “vai começar em breve”.

Partilhe esta notícia
Elsa Moura
Elsa Moura

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Carolina Damas
NO AR Carolina Damas A seguir: Português Suave às 19:00
00:00 / 00:00
aaum aaumtv