Marta Temido admite travão regional no desconfinamento

Depois de ouvir os peritos estimar que o limiar dos 120 casos por 100 mil habitantes a 14 dias pode ser atingido daqui a duas a quatro semanas, a ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu colocar um travão no processo de desconfinamento, lembrando que “a estratégia aprovada era gradual e deliberadamente progressiva e de ritmo lento, para ir adequando as medidas às situações epidemiológicas”.
“O Conselho de Ministros [de quinta-feira] vai apreciar todos os números e os próximos dias são decisivos para que se consolidem tendências num sentido ou no outro, e para que possamos tomar decisões para o período seguinte, a partir de 19 de abril. Estavam previstos um conjunto de decisões, mas que na nossa estratégia gradual, progressiva e a um ritmo de acordo com o risco que enfrentamos, poderão ter paragens ou avanços”, avisou.
Peritos aconselham Governo a avaliar risco regional no desconfinamento
Em declarações aos jornalistas à saída de mais uma reunião com os especialistas, que avisaram para o aumento do risco de transmissão e previram também que a incidência superior de 240 casos pode demorar apenas um a dois meses a chegar, a governante referiu que nos próximos dias haverá “um conjunto de contactos e de trabalho quer do Governo internamento, quer do Presidente da República com os partidos, para tomar as melhores decisões”.
Questionada sobre se o desconfinamento poderia então avançar a velocidades diferentes, consoante a incidência da infeção nos diversos municípios e até regiões, Marta Temido reconheceu que essa avaliação local e regional “tem sido sempre feita” e que, por isso, até há um “histórico em relação a essa abordagem”.
“Auto impusemo-nos critérios exigentes de monitorização da infeção. Obviamente que o limiar dos 120 ou dos 240 casos, estando muito distantes do que já tivemos no início deste ano, são os valores de referência para o país. Não queremos perder mais vidas inutilmente e não queremos causar mais doença, cujas consequências no longo prazo são ainda desconhecidas”, resumiu a ministra da Saúde.
Os peritos ouvidos na reunião realizada na sede do Infarmed, como Óscar Felgueiras e Carla Nunes, aconselharam precisamente o Executivo socialista a olhar para os dados agregados dos municípios vizinhos, fazendo uma média ponderada entre o indicador concelhio e o da vizinhança, em vez de se concentrar apenas nos valores de uma única localidade, ao tomar decisões sobre o avanço ou o recuo no plano de desconfinamento.
