“Circular de bicicleta em Braga é um ato de coragem”

O presidente da Associação Braga Ciclável, Mário Meireles, admite que circular de bicicleta na cidade dos arcebispos pode ser considerado “um ato de coragem” tendo em conta as limitações que ainda existem para quem pretende deslocar-se diariamente para o trabalho através deste meio de transporte.

Em entrevista ao programa da RUM, Campus Verbal, Mário Meireles refere que o “grande obstáculo é a infraestrutura” que “não está adequada para induzir a utilização da bicicleta como um modo de transporte”. 

“Causa medo e apreensão e os bracarenses dizem até que é o maior obstáculo para não utilizarem a bicicleta”, explica.

Em Braga, entre 60% a 80% das avenidas e ruas são dedicadas ao automóveis e, por isso, a Braga Ciclável defende uma “reorganização do espaço” com espaço para o carro, transporte público e bicicleta”.

Com um atropelamento a cada três dias, avenidas no centro da cidade onde são registadas velocidades de auto-estrada, Mário Meireles reconhece que “é um ato de coragem respeitar as regras do código da estrada em cima de uma bicicleta na cidade de Braga e ainda mais quando vemos crianças”. Para o presidente da Braga Ciclável, a cidade não pode ser construída “como se fosse uma pista de automóveis em que as pessoas que andam a pé ou de bicicleta têm que fazer um percurso cinco vezes superior só para atravessar uma estrada”.


79% das deslocações diárias são urbanas e mais de 50% são feitas em percursos até 3km e de carro. Mário Meireles afirma que muitas pessoas gostariam de alterar os seus hábitos, utilizando a bicicleta ou o transporte público, mas as alternativas não convencem ainda que nos anos mais recentes seja visível o aumento do número de utilizadores de bicicleta em Braga.

Braga podia ter aproveitado a pandemia para acelerar projetos com ciclovias pop-up

Mário Meireles lamenta que a autarquia de Braga não tenha seguido o exemplo de muitas cidades da Europa que, durante a pandemia, “aceleraram os seus projetos com ciclovias pop-up, reduziram o espaço auotomóvel e potenciaram o espaço da bicicleta e conseguiram atrair pessoas para utilizar esses modos de transporte”.

Recentemente, a autarquia de Braga anunciou a criação de várias vias pop-up no centro da cidade, mas que foram imediatamente criticadas pela associação Braga Ciclável. Mário Meireles desmente a autarquia e refere que segundo os documentos disponíveis, a cidade terá bicicletas pintadas no eixo da via e um passeio pintado de vermelho.  “Isso não são vias pop-up porque não há reorganização da estrada e por isso não há uma redução do espaço automóvel para outro modo de transporte”, alerta.

Meireles sustenta que uma via pop-up consiste em fazer uma remarcação total da estrada, enquanto que o que a autarquia anuncia é “uma coexistência, o que existe há cem anos, mas com umas pinturas novas”.

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Elsa Moura
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