Polícias de Braga vão a Lisboa exigir 430 euros de subsídio de risco

Começou em Braga e estendeu-se a Viana do Castelo, Bragança, Porto, Viseu, Castelo Branco, Beja, Faro ou Lisboa. Mais de uma centena de elementos da PSP e da GNR, a quem se juntaram alguns bracarenses, concentraram-se, diariamente, em frente ao comando distrital de Braga da PSP, contestando o subsídio de risco proposto pelo Governo, que varia entre os 48 e os 68 euros. No entanto, o mesmo subsídio ascende a 430 euros para elementos da Polícia Judiciária.
Ao 12.º dia de protesto, cerca de 400 elementos das forças policiais de Braga, trajados a negro, percorreram algumas das principais artérias da cidade, numa marcha silenciosa, que culminou com uma concentração na Avenida da República, junto à arcada.
Rui Moreira, porta-voz dos polícias de Braga, explicou que o objetivo desta marcha “é dar mais visibilidade à indignação com a proposta que o Governo apresentou e mostrar à sociedade que os polícias estão descontentes”.
“Não pedimos mais do que existe para outras forças de segurança, mas também não podemos aceitar menos. Nem aceitar estratificações paraos polícias”, afirmou.
De acordo com o Ministério da Administração Interna (MAI), a proposta para a componente fixa do suplemento por serviço nas forças de Segurança (atualmente de 31 euros) prevê 100 euros por mês para os elementos em funções de ronda e patrulha, 90 euros para quem têm funções de comando e 80 euros para os restantes operacionais da PSP e GNR, significando, na prática, um aumento de 68, 59 e 48 respetivamente.
De acordo com estas forças de segurança, além do subsídio ser superior para os elementos da PJ (430 euros), também os inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras recebem 405 euros e os professores em estabelecimento prisional 130 euros.
Polícia há mais de 20 anos, Rui Moreira diz “não entender” os critérios do MAI no que diz respeito à atribuição deste subsídio. “Para mim, são apenas premissas económicas. É poupar. Estamos a falar de 40 mil elementos, mas vemos tanta disponibilização de verbas para outras situações, que não compreendemos como é que não podem fazer esse investimento na segurança, que é um pilar base da sociedade”.
Esta quarta-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luís, reúne com os sindicatos da polícia. No Terreiro do Paço, espera-se uma concentração das forças policiais. Rui Moreira espera ver mais de mil colegas de todo o país em Lisboa, onde estarão cerca de “100 elementos de Braga”.
Caso não haja entendimento entre Governo e sindicatos, PSP e GNR vão avaliar novas formas de luta.
De acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna, oito elementos das forças e serviços de segurança morreram, entre 2015 e 2020, 24 ficaram feridos com necessidade de internamento hospitalar e 3507 sofreram agressões, dos quais cerca de 90% destes incidentes afetaram os profissionais da PSP e da GNR.
“No último ano, faleceram três colegas, um deles não estava de serviço, interviu numa situação de violência doméstica e perdeu a vida para cumprimento da sua missão”, lembrou Rui Moreira, acrescentando que os elementos da PSP e GNR “são os primeiros a responder a todo o tipo de ocorrências, violentas ou não”.
