Contratar diplomados de outras áreas pode gerar retrocesso na educação

A contratação de diplomados de áreas que não a do ensino para colmatar a falta de docentes pode significar um “retrocesso” no sistema educativo português. A opinião é do professor catedrático do Instituto de Educação da Universidade do Minho, José Augusto Pacheco.

Recorde-se que esta quarta-feira, a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa apresentou um estudo que aponta para a necessidade de contratar mais de 34 mil recursos humanos até 2031 para fazer face às aposentações dos docentes em Portugal.

Ora, em declarações à RUM, José Augusto Pacheco aponta outro caminho, que passa pela revisão da formação de professores e um papel mais ativo das instituições de ensino superior. 

Atualmente, para lecionar em Portugal, os profissionais necessitam de possuir os créditos mínimos na formação científica para ingressar na formação pedagógica ao nível do mestrado. Para o docente, a questão da profissionalização em serviço é outro dos caminhos. José Augusto Pacheco considera que a obrigatoriedade de um estágio de 1 ano depois de um período mínimo de 6 anos de serviço pode ser suficiente, desde que seja um processo “bem organizado”.


Segundo a edição desta quinta-feira do Jornal Público, “o Ministério da Educação quer criar condições para

que os estágios previstos aconteçam dentro das escolas. Serão complementados com uma formação teórica, também com a duração de um ano, feita à distância, numa instituição de ensino superior. Neste momento, apenas a Universidade Aberta tem esta oferta, mas o Governo está a trabalhar com as restantes instituições

públicas para que seja aumentada.”


O presidente da assembleia-geral da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação alerta, no entanto para o facto desta carência ser progressiva, até 2031, e não imediata. Além disso, o docente realça que é premente olhar, em primeiro lugar, para o primeiro ciclo e ensino especial que são os que apresentam maiores dificuldades,

Quando questionado sobre os motivos que levaram à diminuição da procura dos cursos de professor, o docente sublinhou o desinvestimento na formação e o desemprego que levou muitos jovens a abandonar o país.

Contudo, nem tudo é negativo. O Instituto de Educação que, nos anos 80 teve um importante papel na afirmação da UMinho graças à formação de docentes, tem visto os níveis de procura melhorar, mais concretamente, nos cursos de Filosofia, Música, Informática e Mestrados nas áreas do Ensino.

Partilhe esta notícia
Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Português Suave
NO AR Português Suave A seguir: UMinho I&D às 20:00
00:00 / 00:00
aaum aaumtv