“É altura de nos focarmos na gestão da doença grave e não na positividade”

O epidemiologista Pedro Teixeira defende um maior foco na gestão da doença grave e moderada de covid-19, em vez de na positividade dos portugueses. Na ótica do especialista, está na altura de “adaptar uma nova estratégia” face à variante Ómicron. Recorde-se que segundo os cálculos matemáticos do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), está previsto que o país contabilize entre 42 mil a 130 mil novas infeções em janeiro.

“Estamos no início de um novo ciclo”, refere o especialista. Para Pedro Teixeira a proposta que recomenda uma maior autogestão do risco e acessibilidade e gratuitidade dos autotestes é “fundamental”.

Quanto ao facto de o Governo ter pedido um parecer à Procuradoria-Geral da República para saber se o isolamento impede o direito de voto. Pedro Teixeira coloca várias questões à forma como este levantamento do isolamento pode ser feito sem colocar em risco outros cidadãos.

“Não percebo bem o que isso significa. As pessoas que testem positivo, mas tenham doença leve a moderada podem votar, contudo no dia anterior ou a seguir não podem ir trabalhar”, questiona. Além disso, o especialista tem dúvidas em relação às condições do ato e leva a questão sobre se haverá “cabines de voto específicas” para estes cidadãos.

“É expectável que venham a surgir novas variantes do SARS-COV-2”.


Nos últimos dias, foi identificada uma nova variante do coronavírus, em França, a IHU. Em Portugal, a Ómicron já é responsável por 90% das infeções. Pedro Teixeira sublinha que atualmente existe um “sistema de monitorização que permite identificar novas variantes como nunca antes”, logo é expectável que tal venha a ocorrer, sendo que algumas serão mais dominantes que outras. 

Quanto ao facto de virem a tornar-se menos patogénicas, refere que é provável, porém não existem, neste momento garantias que tal venha a acontecer.

Dose de reforço da vacina da covid-19 todos os anos? Pode ser uma realidade.

Atualmente, mais de três milhões de portugueses foram inoculados com a vacina covid. Cerca de 81 por cento das pessoas com mais de 80 anos estão vacinadas; na faixa dos 70 anos são 76 por cento; na faixa dos 65 cerca de 66 por cento.

Numa análise aos microfones da RUM, Pedro Teixeira faz uma comparação com o vírus da gripe. “Nós sabemos que a vacinação tem caraterísticas de sazonalidade. Todos os anos surgem novas variantes para as quais as vacinas de anos anteriores perdem efetividade e, por isso, há uma atualização das mesas. Com a Covid o que verificamos, no último ano, é que há uma necessidade de reforço mais cedo do que o expectável. Através de estudos sabemos que quem já tomou a dose de reforço está mais protegido contra a Ómicron do que as pessoas com apenas duas, uma ou nenhuma vacina”, explica.

Quanto à vacinação das crianças, o professor da Escola de Medicina da UMinho refere que têm uma menor probabilidade de desenvolver doença grave, porém a vacinação apresenta riscos “claramente mais baixos do que a infeção”. Na tomada de decisão os pais devem incluir os pediatras que acompanham as crianças. 

Partilhe esta notícia
Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Music Hal
NO AR Music Hal A seguir: Abel Duarte às 08:00
00:00 / 00:00
aaum aaumtv