Universidades devem abordar assédio e ódio em unidades curriculares

A mais recente galardoada com o Prémio de Mérito Científico pela Universidade do Minho defende unidades curriculares dedicadas ao tema do assédio e do ódio nos campi das instituições de ensino superior assim como ações de formação para estudantes e docentes.

Helena Machado, professora catedrática e presidente do Instituto de Ciências Sociais, foi a convidada da passada quinta-feira do UMinho I&D. A docente é a coordenadora em Portugal do projeto Checkit He que está a ser desenvolvido em consórcio em países como o Treino Unido, Sérvia, Chipre e Finlândia, com financiamento do programa Erasmus +.

Helena Machado, que integra o Grupo de Missão para a Elaboração de Orientações de Prevenção e Combate ao Assédio na UMinho, revela que uma das necessidades diagnosticadas, principalmente através dos grupos nas redes sociais, é a falta de conhecimento em relação ao local ou pessoa a quem se dirigir para proceder a uma queixa. Além da possibilidade de criar na UMinho uma opção “interdisciplinar” orientada para estas situações, a investigadora sublinha a importância de realizar workshops e colóquios sobre estas matérias.

O projeto “Checkit He” trata-se de um trabalho de “investigação-ação” em que as entidades recolhem de forma sistemática acontecimentos relacionados com fenómenos de extremismo e crimes de ódio. No caso da equipa portuguesa ficaram responsáveis pelo diagnóstico e avaliação de violência de género nomeadamente sexual.

No futuro, o objetivo passa por fazer um diagnóstico das realidades e comparar os resultados entre os países envolvidos no trabalho para posteriormente criar “ferramentas pedagógicas nos próprios currículos dos cursos de ensino superior”.

“Que sociedades desejamos ter no futuro?”


Terminou em setembro de 2021 o projeto “Exchange” com o qual a professora venceu uma bolsa de quase 2 milhões de euros pelo Conselho Europeu. No balanço dos resultados conseguidos através deste trabalho, que teve como objetivo analisar as implicações sociais, políticas e éticas da partilha de perfis de DNA de criminosos, Helena Machado alerta para o facto destes perfis acabarem por levantar questões relacionadas com “a proteção da privacidade e direito à presunção de inocência”. De frisar que em alguns países, devido Tratado de Prüm está a ser ponderado o alargamento da partilha não só de DNA como de imagens.

A docente lança a questão “que sociedade queremos ter no futuro: hipervigilantes ou que ponderem os riscos à privacidade?”

Quando questionada sobre o caso português, Helena Machado refere que Portugal é considerado um país com uma legislação restritiva que, em termos pessoais defende ser “benéfico”. “Há uma forte proteção de dados”, revela. Além do mais, em terras lusas as bases de dados de perfis DNA estão sobre a alçada do Instituto de Medicina Legal e não das forças policiais. 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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