“Próximas semanas serão de grande volatilidade nos preços”

O Governo não está a fazer tudo o que está ao seu alcance para aliviar os preços dos combustíveis. A opinião é do economista e professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, João Cerejeira.

Na próxima semana, caso a cotação do barril de Brent se mantiver abaixo dos 100 dólares até esta sexta-feira, está prevista uma descida na ordem dos 10 a 16 cêntimos por litro no caso do gasóleo e de 8 a 12 cêntimos na gasolina.

O economista confessa não compreender o porquê do Governo não estar a usar “todos os instrumentos que tem ao seu alcance” para mitigar a subida dos preços dos combustíveis. “Há a opção e um pouco a desculpa que temos de esperar pelo aval da União Europeia para baixar o IVA, mas o ISP – Imposto sobre Produtos Petrolíferos – o Governo pode alterá-lo imediatamente”, declara.

Uma das possibilidades que o Governo liderado por António Costa poderia aplicar seriam ajustamentos semanais, ou seja, quando existe um aumento do preço do barril do Brent reduzir o ISP e o inverno.

Devido à guerra na Ucrânia é esperado um período de “volatilidade dos preços”, ou seja, períodos de subidas fortes acompanhadas de descidas igualmente elevadas. Contudo, existem alguns fatores que podem contribuir para alguma estabilização do mercado, a título de exemplo, o fim do Inverno, logo a Europa deixará de consumir tanto gás, e a introdução de novos produtores com o velho continente a começar a importar mais gás dos Estados Unidos da América. 

O que se entende afinal por Estagflação? 


“É a situação da economia quando temos inflação elevada, a cima dos 5 a 6%, e crescimento económico baixo. Esta foi uma situação que aconteceu logo após o choque petrolífero de 63 em que a inflação disparou para níveis que não tinham sido observados desde a guerra e os níveis de crescimento também desceram. Habitualmente justifica-se o aumento dos preços quando o desemprego está baixo. Estagflação é quando temos inflação com níveis de emprego elevado. Agora é esperada uma subida da taxa de juro do Banco Central Europeu, provavelmente, no final do ano”, explica.

Ao contrário do defendido pelo Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, o docente da EEG defende que o cenário de estagflação deve estar em cima da mesa.

João Cerejeira considera que nos próximos tempos a economia portuguesa deverá sofrer um abrandamento da sua atividade. Porém, não acredita que um aumento de falências, como ocorreu na crise de 2008, volte a acontecer, visto que o sistema financeiro está “bastante mais sólido”. Haverá, sim, na sua perspetiva aumentos dos preços que, avisa, não serão iguais para todos os setores.

Esta quarta-feira, a Reserva Federal Norte-Americana anunciou a subida das taxas de juros em 25 pontos base para travar a escalada dos preços no país. Algo que não ocorria desde 2018. Isto irá implicar uma desvalorização do Euro, por isso, o mais certo, de acordo com o economista, será que o Banco Central Europeu suba as taxas de juro.

Nos últimos anos, os preços no setor imobiliário têm vindo a aumentar, algo que com a subida das taxas de juro poderá sofrer alterações, visto que tende a haver um refrear nas intenções de compra de habitação, portanto o crédito para a habitação tende a descer. 

Sistema de ensino deve preparar-se para formações nas áreas das energias renováveis. 


Os cidadãos que começaram a trabalhar nos anos 2000 já passaram por diversas crises. João Cerejeira realça o facto de por vezes estes momentos acelerarem “novas tendências”. Durante a pandemia profissões ligadas à saúde e tecnologias de informação e agora tudo indica que serão as carreiras relacionadas à transição energética.

Para o docente as universidades e técnicos devem estar preparados para permitir que profissionais consigam fazer formação adequada para encontrar carreiras profissionais em outras áreas como energias renováveis e eficiência energética. 


 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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