Associações Académicas dizem que há quem não se matricule por não ter casa

Dos quase 50 mil alunos colocados na 1.ª fase de acesso ao ensino superior, 11,6% não se matricularam, percentagem superior a anos anteriores, avança hoje o Diário de Notícia.
Segundo as associações de estudantes ouvidas pelo jornal, incluindo a Associação Académica da Universidade do Minho, este deverá ser, também, o reflexo das dificuldades associadas ao alojamento.
Tal como havia já dito à RUM o presidente da AAUMinho, Duarte Lopes, os quartos disponíveis são cada vez menos e mais caros. Além disso, os jovens permanecem nas casas alugadas depois de terminarem os cursos, porque não têm autonomia financeira para alugar uma casa.
Os dirigentes estudantis alegam que a pandemia levou os proprietários a alugar as suas casas a famílias ou disponibilizá-las para alojamento local, o que fez diminuir o número de camas disponíveis no mercado.
O parque público de habitação para estudantes não tem visto avanços. O Governo, através do Plano Nacional para o Alojamento do Ensino Superior (PNAES), apresentado em 2018/2019, previa disponibilizar mais 2492 camas em 2020 e mais 2705 em 2021, algo que acabou por não se concretizar.
Com mais alunos a candidatarem-se ao Ensino Superior, é expectável que mais jovens precisem de alojamento.
Segundo o DN, “as residências do setor público dão resposta a apenas 3,6% do total de estudantes do Ensino Superior”.
Lisboa é a cidade onde se sentem mais dificuldades, uma vez que o concelho “representa quase um terço do universo universitário e as residências apenas cobrem 1%”. Na capital, há quartos a custarem mais de 500 euros.
Segundo o Observatório do Alojamento Estudantil (OSE), o preço médio por quarto no país é de 294 euros mensais, mais 7,7 % do que no ano letivo de 2021/2022.
O Porto apresenta o segundo valor mais elevado e as residências cobrem 1,7 % do universo estudantil.
Coimbra é a cidade com maior resposta de residências para estudantes, camas que correspondem a 4,3 % dos alunos, sem falar nas repúblicas estudantis. O que se reflete no preço médio de um quarto no mercado privado, não chegando aos 200 euros mensais. Mais barato só na Covilhã (152 euros), também com um maior rácio de residenciais por estudantes que no geral.
Em Braga, o preço médio por um quarto este ano é de 270 euros, mas há quem cobre um valor bem mais elevado.
As condições das atuais residências, pelo menos no que diz respeito à Universidade do Minho, também geram alguma preocupação ao presidente da AAUMinho. Recorde-se que, à RUM, o reitor da Universidade do Minho, Rui Vireira de Castro, admitiu que a requalificação das atuais residências vai integrar um plano de investimentos a realizar ao longo dos próximos anos.
c/DN
