“O futuro do Brasil vai depender da composição do Governo e da reação de Bolsonaro”

“O futuro do Brasil vai depender da dinâmica da política interna, de composição do Governo, e da reação de Bolsonaro e de uma parte dos seus apoiantes”. É desta forma que Pedro Froufe, professor da Escola de Direito da Universidade do Minho, olha para um Brasil, que acordou hoje com um novo líder.
Lula da Silva venceu as eleições deste domingo, com 51% da votação, contra os 49% de Jair Bolsonaro, que ainda não reconheceu a derrota.
Atento à política e realidade sul americana, o docente que por agora deseja-se “um virar de página”. “Não houve propriamente propostas do Brasil que existe hoje, houve sim debates de narrativas a olhar para o passado. Foi uma eleição emotiva e não propriamente racional”, afirmou em entrevista à RUM.
No primeiro discurso público, depois da vitória, Lula apontou como prioridade a erradicação da fome no país. “Olhando para o passado, para os primeiros anos do primeiro mandato de Lula, o trabalho foi notável e era fundamental resgatar as bolsas de pobreza que existiam. Houve uma abordagem de emergência extremamente eficaz de Lula, que conseguiu resgatar cerca de 33 milhões de brasileiros de situações de miséria ou pobreza extrema. Esse resgate permitiu um avanço económico significativo”, comentou Pedro Froufe.
Com um Brasil aparentemente dividido, o professor acredita que o futuro do país “dependerá da pose na reunificação e no acalmar das divergências que Lula consiga implementar”.
“O problema não é tanto Lula, mas o modo como um núcleo do PT toma conta do Estado e que pode boicotar esse esforço de Lula de esperança e reunificação de um país capturado entre duas posições extremas”, acrescentou.
Braga é uma das cidades portuguesas onde mais brasileiros vivem. Com a vitória de Lula, Pedro Froufe acredita que, ainda que “sejam benvindos e estejam bem cá”, alguns deles podem ter essa “esperança de um país melhor”. “Essa divisão de modos de ver o Brasil existe também cá. No imediato, esta eleição não vai alterar nada. Vamos dar tempo ao tempo”, finalizou.
