“Como atleta da seleção de canoagem, em princípio, terá sido a última prova”

Os Jogos Europeus podem ter sido a última competição de Hélder Silva ao serviço da seleção portuguesa de canoagem. O cenário foi avançado pelo atleta olímpico, natural de Prado, no programa RUM(O) Desportivo, emitido esta sexta-feira.
A um mês de completar 36 anos, o minhoto justifica a tomada de posição com as dificuldades que tem sentido nos últimos anos em estar “a um bom nível”. “Muito provavelmente não participarei mais pela federação portuguesa de canoagem e pela seleção. Como atleta, em princípio, terá sido a última prova […] O meu objetivo sempre foi estar ao mais alto nível”, acrescenta.
Na Polónia, há duas semanas, o nono lugar em C1 200 metros e o sétimo posto em C2, ao lado de Inês Penetra, na mesma distância, ficaram aquém das expetativas do minhoto, sobretudo na prova individual.
A presença nos Jogos Europeus – a terceira na carreira, depois de Baku, no Azerbaijão, em 2015, e de Minsk, na Bielorrúsia, em 2019 -, aconteceu uma semana depois da medalha de prata na Taça do Mundo de Szeged, na Hungria, com “praticamente os mesmos adversários, à exceção de um”. Daí que tivesse gostado de “chegar mais longe”. “Não quer dizer que tivesse ido às medalhas, mas havia o objetivo de melhorar Baku [quinto classificado]. Na realidade não sei o que se passou, até arrancava bem, mas nunca me sentia totalmente forte durante a prova”.
O hipotético ponto final na carreira surge numa fase decisiva do ciclo olímpico. Os Jogos de Paris estão já há algum tempo fora de questão, tendo em conta que a distância preferencial, os 200 metros, foram excluídos do programa depois de Rio de Janeiro 2016, a única participação de Hélder Silva – ficou em 14º lugar – no maior evento desportivo do mundo. “Não me estou a ver abdicar do que tenho cá em cima [no norte]: dois filhos e a minha vida profissional [militar da GNR]. Para os Jogos teria de estar 100% focado, algo que não consigo fazer”, explica, lembrando o período em que estava destacado e treinava em Montemor-o-Velho.
Para a edição anterior, em Tóquio, recorda que ainda tentou, juntamente com Nuno Silva, competir em C2 1000 metros, mas, apesar de “os resultados terem sido bons”, não foram suficientes para marcar presença na competição em solo asiático.
Hélder Silva representa atualmente o Clube Fluvial de Merelim, depois de ter estado ao serviço do Clube Náutico de Prado. Com o ciclo internacional prestes a fechar, mostra-se disponível para continuar a competir em provas nacionais, “se calhar noutras distâncias e noutras tripulações e até no stand up paddle”, modalidade em que tem apostado recentemente. “Abandonar a canoagem nunca acontecerá”, vinca o atleta vilaverdense, que abre também a hipótese de enveredar pela carreira de treinador.
