Escolha do curso em função do ordenado é pressão cada vez maior

Têm entre dezassete e dezoito anos e está, por isso a aproximar-se a altura de definirem o curso em que pretendem ingressar, mas a conjuntura atual e o que sabem sobre os salários praticados em Portugal são questões que pressionam e assustam cada vez mais aqueles que pretendem ingressar no Ensino Superior. Na UMinho, arrancou esta segunda-feira mais uma edição do programa Verão no Campus, dedicado a alunos do ensino secundário com o objetivo de mostrar o que se faz em cada curso na academia minhota e abrir novos horizontes para um futuro académico.
A Rádio Universitária do Minho acolheu um grupo de onze alunos, nove deles a frequentarem o 11º ano e dois a frequentarem o 12º ano. Nesta fase, multiplicam-se as questões: “que curso seguir? qual é a taxa de empregabilidade? que salário médio posso esperar quando ingressar no mundo do trabalho em determinada área?”. A pressão familiar e social também acompanha os mais novos e nem todos terão a oportunidade de escolher de livre vontade ou sem um peso na consciência.
“Acredito que muitos de nós escolham o curso por dinheiro e não pelo que gostam realmente”, começa por responder prontamente Leonor Pimenta, bracarense mas que tem como sonho estudar na capital onde acredita ter mais oportunidades para ingressar na área de Ciências da Comunicação. Já Gabriela Silva, de Barcelos, lamenta a “pressão social” uma vez que ouve conselhos que procuram influenciá-la a escolher “um curso onde seja bem paga e tenha estabilidade”. “Por exemplo, eu digo que vou para Ciências da Comunicação e perguntam-me se acho que tenho saída nesse curso, dizem-me que não vou ganhar nada e não vou ter estabilidade e sugerem que vá, por exemplo, para Informática porque dá muito dinheiro. E há uma pressão social e mesmo na família, às vezes”, conta também Leonor Jesus, de Braga.
Mas ainda há quem resista aos avisos de familiares e amigos e pense arriscar no curso que mais gosta e não naquele que pode significar um salário mais alto ao final do mês. “Quero ser professora, toda a gente diz para não ir porque não é bem remunerado, mas acima do salário temos de fazer algo que gostamos, mas claro que o salário é importante”, sublinha Carolina Soares que está a uma semana de se candidatar ao ensino superior. “Uma das premissas que fazem uma pessoa escolher o curso é exatamente o salário que vamos receber, mas o problema é também a empregabilidade”, atesta Ana Pinto que confessa ainda ter sido aconselhada a ingressar na área de Ciências Tecnológicas, mas que está indecisa entre Direito e Ciências da Comunicação.
A emigração também é tema de conversa em casa, mesmo antes da entrada no Ensino Superior. Os baixos salários são a principal justificação para abandonar Portugal e viver num país que compense. “Viver fora é uma opção porque é cada vez mais difícil trabalhar em Portugal e receber bem”. Respondem praticamente a uma só voz. Parece ser cada vez mais um entendimento generalizado e alguns pais são os primeiros a deixar esse conselho. “É triste, mas sair de Portugal pode significar uma vida melhor e mais estável” até porque para esta geração a língua não é uma barreira.
