Grávidas de Braga “ainda mais preocupadas” na reta final da gravidez

Já se somaram dois fins-de-semana consecutivos de encerramento do serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia no Hospital de Braga, circunstância que está a provocar “consternação”, “ansiedade” e “stress” nas grávidas a residir na terceira maior cidade do país e que esperavam ter uma assistência pacífica no maior hospital da região minhota. Os sucessivos encerramentos de sexta-feira a segunda-feira [8h00-8h00] ao longo do mês de agosto [e que podem vir a abranger o mês de setembro] motivam a troca de muitas mensagens de mulheres grávidas em grupos nas redes sociais, em aulas de pilates e em aulas de preparação para o parto. 

A ansiedade aumenta na reta final da gravidez, e o que dirão as grávidas que na hora de aceder ao SNS para terem os seus filhos ou receberem assistência médica urgente, não sabem se terão de se fazer à estrada e decidir viajar até Guimarães, Famalicão ou Viana do Castelo quando a escassos minutos têm um hospital com todas as condições infraestruturais mas sem meios humanos suficientes. Para estas grávidas, não é apenas a mala de maternidade que está preparada, mas também o trajeto e o procedimento a seguir se por acaso essa necessidade de assistência se der entre a madrugada de quinta-feira e a madrugada de segunda-feira.

A Administração do Hospital de Braga insiste que está a trabalhar para travar o problema, mas o certo é que o cenário é uma repetição do que aconteceu em agosto de 2022. Não há profissionais suficientes para o preenchimento das escalas deste mês, e já se teme que se prolongue para o mês de setembro.

“Será que vão ter uma equipa médica que poderá dar resposta de forma eficaz às grávidas que lá chegarão ao fim-de-semana?” – Catarina Dias, 37 semanas


Catarina Dias está grávida de 37 semanas. “Mãe de primeira viagem” tem todo o processo pensado, mas admite que não está muito tranquila, por fatores que vão para lá da viagem. “Preocupa-me saber em que hospital o meu filho vai nascer. A partir de agora pode nascer a qualquer momento e se nascer de segunda a quinta, tenho as urgências aqui ao lado, a cinco minutos de casa. Se não for o caso, tenho o Hospital de Guimarães  a vinte minutos, o de Famalicão também e o de Viana e acaba por ser mais longe. O facto de ser mãe pela primeira vez também não me traz muita tranquilidade. A questão também é outra: será que esses hospitais também estão preparados para receber as grávidas do distrito? Porque da mesma forma que eu, eventualmente, irei para o Hospital de Guimarães, isto também vai acontecer com outras grávidas. Será que vão ter uma equipa médica que poderá dar resposta de forma eficaz às grávidas que lá chegarão ao fim-de-semana”, ressalva.


“Criamos a expetativa de que estando a poucos minutos seríamos brevemente atendidas” – Marta Mendes, 34 semanas

Marta Mendes não é mãe de primeira viagem, mas admite que a preocupação é constante até porque as próprias expetativas saem defraudadas para quem vive na terceira cidade do país onde está instalado um hospital de dimensão regional. “Escolhemos o concelho de Braga para trabalhar, para residir, acreditando que nos poderá munir desta possibilidade, fruto de estarmos perante um hospital central, com múltiplas valências. Criamos a expetativa de que estando a poucos minutos seríamos brevemente atendidas. Causa ansiedade, preocupação e tem que ser gerida esta linha no final da gravidez, compreendendo que se acontecer temos de ir para outro centro hospitalar”, lamenta.

As preocupações das grávidas de Braga têm sido partilhadas em grupos nas redes sociais e em aulas de preparação. Marta Mendes diz que as grávidas “estão a colocar dúvidas” e a procurar compreender “que soluções estão ao alcance”, nomeadamente junto dos respetivos médicos assistentes. A discussão “é constante”.

A meio de agosto, a administração do Hospital de Braga continua sem qualquer novidade relativamente ao reforço de profissionais. Nenhum hospital do SNS da região facultou até agora dados relativamente a mulheres que tenham sido mães noutra unidade de saúde que não o Hospital de Braga em virtude dos encerramentos das urgências ao fim-de-semana. O Ministério da Saúde também ainda não fez o ponto de situação apesar de um pedido de informação da Rádio Universitária do Minho.

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Elsa Moura
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