Investigadores do ICVS distinguidos com Prémio Maria de Sousa

Os investigadores do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho (ICVS), Nuno Dinis Alves e Sara Calafate, são dois dos cinco jovens distinguidos com o Prémio Maria de Sousa. Destinado a cientistas na área da saúde, o galardão distingue, em 2023, trabalhos de investigação sobre lúpus, cancro gástrico, ‘stress’ crónico, doença de Alzheimer e restrição do crescimento fetal.
Os cinco premiados da terceira edição vão receber 30 mil euros cada. Além dos investigadores da academia minhota, foram também galardoados Inês Alves e João Neto do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto e Catarina Palma dos Reis da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.
Nuno Dinis Alves irá dirigir o seu trabalho para a identificação dos mecanismos envolvidos nas disfunções cognitivas de doentes com perturbações mentais associadas a ‘stress’ crónico, enquanto Sara Calafate vai centrar-se no estudo das alterações fisiológicas do cérebro que desregulam a sua atividade e podem explicar as falhas cognitivas sintomáticas da doença de Alzheimer e a sua progressão.
Já a investigadora Inês Alves, do i3S, propõe-se “criar novas formas de diagnosticar e prever” a gravidade do lúpus (doença autoimune que provoca lesões na pele) em cada pessoa, “permitindo otimizar as estratégias de tratamento” e “evitar os sintomas agressivos”.
O seu trabalho pretende esclarecer se os doentes com lúpus produzem anticorpos especiais (contra os açúcares anómalos no rim) que “estarão envolvidos na perda de tolerância do tecido e dano renal”. Para tal, Inês Alves procurará identificar a presença desses anticorpos específicos no sangue de doentes, estudar as células B (células do sistema imunitário responsáveis pela produção dos anticorpos) e averiguar se esses anticorpos específicos tornam o lúpus mais suscetível e grave.
O cientista João Neto, também do i3S, vai estudar novas terapias combinadas com medicamentos para melhorar o prognóstico de doentes com cancro gástrico que não respondem ou ganham resistência aos tratamentos convencionais, no caso anticorpos monoclonais (produzidos artificialmente) para inibir a produção da proteína HER2 nas células cancerosas e impedir o crescimento destas células.
Por sua vez, a investigadora Catarina Palma dos Reis, da Maternidade Alfredo da Costa, espera com o seu projeto obter os marcadores biológicos da restrição do crescimento fetal e contribuir para o diagnóstico da doença, que, devido ao mau funcionamento da placenta, leva a que o feto não receba oxigénio e os nutrientes de que necessita, ficando em risco de morrer no útero, crescer com o tamanho desadequado ou ter sequelas neurológicas e cardiovasculares, entre outras.
O prémio, instituído em homenagem à imunologista Maria de Sousa, que morreu em 2020, é promovido pela Ordem dos Médicos e pela Fundação Bial, que divulgaram em comunicado, esta quinta-feira, os galardoados.
Os vencedores da terceira edição do Prémio Maria de Sousa foram selecionados por um júri presidido novamente pelo neurocientista Rui Costa. A iniciativa, financiada pela Fundação Bial (ligada à farmacêutica Bial), visa apoiar cientistas portugueses até aos 35 anos com projetos de investigação na área das ciências da saúde e inclui um estágio num centro de investigação internacional considerado de excelência.
A Ordem dos Médicos, juntamente com a Fundação Bial, indica os elementos do júri.
c/LUSA
