Eleições nos EUA. “A vitimização acaba, naturalmente, por beneficiar os candidatos”

Donald Trump anunciou que vai alterar o discurso que tinha preparado para a Convenção Republicana, que começa esta segunda-feira, mas o especialista em Ciência Política da Universidado do Minho, José Palmeira diz, em declarações à RUM, que é preciso perceber se os eleitores vão interpretar a nova mensagem como genuína.
Depois do ataque a tiro de que foi vítima no fim-de-semana, o candidato à Casa Branca e antigo presidente revela que vai mudar de postura e colocar o foco, não no adversário Joe Biden, mas sim num discurso de união, dirigido aos norte-americanos.
“Resta saber até que ponto é que os americanos encararão estas declarações de Trump como genuínas ou se, pelo contrário, verão uma espécie de lobo com a pele de cordeiro que tem intuitos eleitorais de conquistar o voto dos moderados, que numa eleição costuma ser sempre decisivo”, refere José Palmeira.
Para o especialista da UMinho, o modo como Donald Trump lidou com o atentado contrasta com o estado atual de Joe Biden. “Donald Trump sobreviveu ao atentado e, ainda por cima, fê-lo com uma grande coragem, na medida em que poderia ter sido mais resguardado”, analisa. “Embora o atirador tivesse sido imediatamente abatido, a verdade é que poderia haver outros. Essa coragem contrasta com a fragilidade do seu adversário”, acrescenta.
“A vitimização acaba, naturalmente, por beneficiar os candidatos”, mas, ainda que, de momento, “os eleitores estejam mais emocionais”, o especialista relembra que as eleições são apenas em novembro. Por isso, José Palmeira lembra que “o voto costuma assentar em fatores mais racionais do que emotivos”.
Sobre o possível afastamento de Joe Biden da corrida à Casa Branca, o docente da UMinho refere que só na Convenção dos Democratas, que vai decorrer no próximo mês de agosto, é que se saberá ao certo o futuro do partido. “Ele não pode ser obrigado a afastar-se, depende dele em primeiro lugar. Essa ponderação será feita em torno das alternativas possíveis. Certamente que os democratas farão esses cálculos, mas, até agora, o único sinal que temos é que Biden quer manter-se na candidatura”, expõe.
José Palmeira considera também que é necessário aguardar pelas sondagens que vão sair em breve de modo a entender se o atentado ao candidato dos republicanos influenciou algo na decisão de voto.
As eleições norte-americanas estão agendadas para 5 de novembro de 2024. A posse do novo presidente dos EUA vai ocorrer no dia 20 de janeiro de 2025.
