ABIC insiste na abolição da taxa de entrega de tese doutoramento

A Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) lamenta que o pagamento da taxa de entrega da tese de doutoramento ainda não tenha sido excluído e que apesar de o ministro se mostrar “sensível” colocou a questão no lado das universidades que beneficiam diretamente desta receita. No entanto, a justificação não agrada aos representantes dos bolseiros que neste mês de agosto reuniram com a tutela para abordar um conjunto alargado de questões. Em declarações à Rádio Universitária do Minho, Sofia Lisboa, presidente da ABIC refere que é “absurdo pagar no fim do percurso” uma taxa para entregar o trabalho que foi feito e que apesar de o ministro alegar que está “sensível” não terá deixado indicações para que esta questão se resolva com celeridade apontando que terá de ser estudado.
Acabar com o Estatuto de Bolseiro de Investigação (EBI) é a reivindicação central da ABIC. Em curso está agora a criação do novo estatuto da carreira de investigação científica. Neste encontro com o ministério foi referido que será contemplada a contratação de investigadores não doutorados. “Aquilo que nos foi dito é que não vamos acabar com o EBI para colocar o novo artigo a funcionar para todos os não doutorados, mas abre a porta a que isso possa acontecer e que no estatuto da carreira de investigação científica isto esteja previsto”, detalha.
O ministério pretende que os bolseiros de investigação possam dar seis horas de aulas no ensino secundário para colmatar a falta de professores e foi esse o mote para o encontro no ministério, mas a ABIC mantém a opinião. “Somos precários, temos um tempo limitado para acabar as nossas investigações, não temos direitos laborais e daqui a considerarmos que neste quadro de precariedade aceitar como uma vantagem esta coisa de ir dar aulas (…) e os nossos rendimentos, o facto de isto ser atraente para complementar os nossos rendimentos é um bocadinho preocupante”, alerta Sofia Lisboa.
“Sem acesso a uma segurança social digna, sem subsídios de férias, de natal e de desemprego”, os bolseiros de investigação insistem que é “obrigatório” o ministério transformar estes contratos de bolsas de investigação em contratos permanentes.
Ainda assim, a presidente da ABIC explica que nesta primeira reunião o ministro tomou muitas anotações e manifestou “alguma abertura para resolver algumas questões” ainda que “não aquela que seria a mais importante e que por si só resolveria uma série de outras”, a abolição do estatuto de bolseiro.
Nos próximos meses deverá ser agendada uma nova reunião entre a associação dos bolseiros de investigação científica e o ministério da educação, ciência e inovação depois de uma reunião preliminar neste mês de agosto.
