“Fomos nós que construímos esta empresa”. Greve na Concentrix pode ser prolongada

Os trabalhadores do call center da Concentrix Braga voltaram a manifestar-se, esta segunda-feira, junto à Estação de Caminhos de Ferro. O Sindicato de Trabalhadores de Call Center  (STCC) exige atualizações salariais de acordo com o atual custo de vida e que a empresa avance, como prometido aos trabalhadores, com a criação de escalões salariais.

Em entrevista à RUM, o delegado sindical, Nuno Geraldes, explica que a paralisação é motivada pela recusa da empresa em discutir, entre outros pontos, atualizações salariais.

“Nada mudou. Os trabalhadores continuam inabaláveis na insistência de que a empresa tem de começar a negociar a questão dos escalões salariais, mas continua com a mesma posição de não querer negociar

e de continuar a reafirmar que não haverá nenhum aumento salarial”, adverte o sindicalista.

Nuno Geraldes denuncia a atitude “anti-sindical” da empresa, explicando que está “a tentar, de alguma forma, ameaçar os trabalhadores e contar uma narrativa de que uma empresa desta dimensão vai fechar e que toda a gente vai ser despedida se continuarem a lutar pelos seus direitos”.

A paralisação estava, inicialmente, agendada até 2 de outubro. No entanto, a greve pode ser prolongada caso a empresa não atenda às necessidades dos trabalhadores. Em 2023, o STCC fez greve de agosto a janeiro de 2024.

“Estes trabalhadores sabem a dificuldade que é conseguir das empresas aquilo que são as necessidades que eles têm e, portanto, também têm isso em conta ao fazer esta luta. Este combate, sob a forma de greve ou outras formas, não vai parar”, garante.

Nuno Geraldes conta que trabalhadores da empresa com 10 anos de casa recebem o mesmo salário de um trabalhador que entre agora em funções. “Isso não é, de forma alguma, recompensar quem andou uma década da sua vida a investir e a construir esta empresa. Nós não somos peças nisto, fomos nós que construímos esta empresa”, completa.

“O tempo para disfrutar com a família é usado para trabalhar e pagar contas”

A RUM conversou com Hector Marin, imigrante natural da Venezuela, em Portugal há nove anos. Trabalha na Concentrix Braga há oito anos e meio.

Pela falta de atualizações salariais, Hector é, segundo Nuno Geraldes, um dos vários trabalhadores que decidiu arranjar um segundo emprego para ter maior controlo nas despesas do dia-a-dia. Hector trabalhou alguns meses como motorista de TVDE. Entretanto, parou com este segundo trabalho, mas admite estar a ponderar voltar.

Hector não esconde a tristeza que sentia por não ter tempo para estar com os filhos quando tinha os dois empregos. “Era uma forma de poder chegar ao fim do mês e ter mais possibilidades, desfrutar um bocado da vida. Graças a Deus consegui comprar um apartamento e um carro, mas está tudo a subir e o salário não chega”, confessa.


A RUM contactou a empresa, que optou por não tecer comentários sobre o assunto.

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Maria Carvalho
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Carolina Damas
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