Trabalhos de remoção todo o dia, após noite “sem memória” em Braga

A meio da tarde desta quarta-feira continuavam no terreno um pouco por todo o concelho de Braga diversas equipas de sapadores, voluntários, elementos da Proteção Civil, Polícia Municipal, PSP e GNR, além dos serviços de jardinagem para proceder à remoção e limpeza de árvores, ramos, lonas publicitárias e até elementos de proteção de obras que com as fortes rajadas de vento não resistiram. Durante a manhã estavam no terreno um total de 190 elementos, mas os meios foram insuficientes para responder no imediato a todas as situações. Vários presidentes de junta ouvidos pela RUM apelam à compreensão das populações nos trabalhos de remoção e limpeza dado o impacto da tempestade. O presidente da União de Freguesias de Real, Dume e Semelhe revela que solicitou até uma reunião com todos os presidentes e os serviços camarários para avaliar a situação, alertando que estão a cair cada vez mais árvores em espaço urbano.
Em Real Dume e Semelhe não há mãos a medir desde a última noite com algumas dezenas de árvores tombadas em estradas, passeios e outros espaços públicos
Francisco Silva, presidente da União de Freguesias de Real, Dume e Semelhe, afirma que só numa rua caíram quase uma dezena de árvores tapando um acesso a uma zona habitacional. Esta manhã, a circulação na variante de Real também ficou condicionada pela queda de uma árvore. Noutra zona foi possível evitar que uma árvore de grande porte tombasse para cima de de uma habitação. “Neste momento está tudo desimpedido, mas tem que se arrumar árvores e cortes que se fizeram”, explica. “Caíram dezenas de árvores e os meios não chegavam para tudo”, esclarece, elogiando a preocupação e empenho de todas as forças para tantas ocorrências registadas num curto espaço de tempo.
Parte do telhado do S. Geraldo cedeu
Num ponto de situação feito à RUM pelo presidente da União de Freguesias de S.José de São Lázaro e São João do Souto, Miguel Pires fez saber que “parte do telhado do S. Geraldo cedeu”. O equipamento, que continua a aguardar por obras de requalificação por parte do município, não resistiu ao mau tempo que se fez sentir na madrugada desta quarta-feira. “Tivemos muitas situações de queda de árvores, queda de andaimes com danos materiais. Depois tivemos a indicação que uma parte do S. Geraldo tinha cedido, mas sem nenhum outro dano colateral, para já”, indicou à RUM.
Além disso, na zona de Bracara Augusta, uma árvore “tombou por cima de uma casa” com o auxílio “a chegar muito rápido” a resolver o problema.
Escola Secundária de Maximinos encerrou mais cedo por falta de energia
Na união de Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade, a escola secundária encerrou hoje mais cedo por falta de energia. Luís Pedroso admite que foi “um dia complicado” elogiando a prestação da Proteção Civil que impediu “o caos” no trânsito ao início da manhã, ainda que muito trabalho se seguisse à remoção de galhos e árvores nas vias. “Nunca assisti a uma noite assim” com árvores tombadas “um pouco por todo o lado”, incluindo na Escola Secundária de Maximinos, na Praça do Município, mas não só. Algumas viaturas ficaram danificadas, mas o autarca saúda a atitude dos moradores, nomeadamente numa zona com poucos lugares de estacionamento [Praça Diamantino Martins], e em que duas árvores de grande porte caíram sem provocar danos “porque as pessoas ouviram os apelos” e não estacionaram as viaturas.
S. Vicente com danos em viaturas e na cobertura de um prédio
A freguesia de S. Vicente registou vários estragos em viaturas e na cobertura num prédio que “voou”, suscitando especial preocupação. Daniel Pinto explica que “aconteceu tudo num curto espaço de tempo”. O acesso a uma escola esteve condicionado mas a situação foi normalizada logo ao início da manhã. “Percebo que estamos numa situação completamente atípica”, disse ainda o autarca que, fez questão de referir que “com a mudança climática do Planeta é inevitável que estas situações aconteçam”. Apelou ainda ao espírito solidário e cívico da população até porque “quase todas as árvores soltaram galhos afetando passeios e vias” que impactaram a vida dos moradores logo pela manhã.
Em S. Victor caíram nove árvores numa só rua durante a madrugada
Contactado pela RUM, o presidente da Junta de S. Victor, Ricardo Silva, explicou que os fenómenos se registaram logo às primeiras horas da manhã “com nove árvores caídas na rua José António Cruz, quatro na zona do Areal” e na Rua José Gabriel Bacelar as movimentações das famílias e moradores ficaram condicionadas com a população a auxiliar na remoção de alguns ramos para facilitar a passagem dentro do possível.
“Se não fosse o contributo dos cidadãos tornar-se-ia mais difícil acorrer às situações em tempo útil”, afirmou. Em comunicação constante com as forças da proteção civil, o presidente daquela junta de freguesia admitiu que “com tantas ocorrências em simultâneo não era possível estar em todas as frentes”.
Dada a dimensão da freguesia, a zona de Santa Tecla e do Tribubal também foram especialmente afetadas, incluindo ainda a zona da Rodovia “com queda de árvores na rua Cândido Oliveira”.
Freguesia de Gualtar apela à compreensão da população perante tantos galhos e árvores nas vias e passeios
Na freguesia de Gualtar registaram-se também “inúmeras ocorrências” com a junta de freguesia a encontrar “alternativas para resolver algumas”, uma vez que os meios eram escassos. Durante toda a manhã, duas ruas estiveram totalmente cortadas ao trânsito e foram reabertas já pela tarde, de acordo com o presidente João Vieira. “A maior parte das ocorrências foram quedas de ramos, árvores, automóveis danificados por árvores e chapas que voaram”. Nalgumas situações estão a ser encontradas alternativas para “levantar todos os ramos que caíram”, apontando ao regresso à normalidade “nos próximos dias”. Há árvores em risco de queda que terão de ser removidas, esclareceu ainda. “Amanhã teremos meios no terreno para dar resposta a isso. Pedimos alguma compreensão porque é impossível dar resposta a tudo, e as condições climatéricas não estão a ajudar”, esclareceu.
As comunicações também foram afetadas havendo a expetativa que o regresso à normalidade aconteça ainda hoje.
