´Crocodille Club` leva os “terrores” da democracia para palco
Falar de política, sem tocar no assunto. É com este mote que a peça ‘Crocodile Club’, produzida pelo Teatro Oficina e o Colectivo 84, sobe ao palco do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) esta sexta-feira e sábado. A estreia absoluta da criação de Mickaël de Oliveira tem lugar no Grande Auditório Francisca Abreu, sempre às 21h30.
Apesar de não revelar o caminho da história, o autor adianta que a peça mistura géneros cinematográficos, tendo o terror como ponto central, e brinca com referências. Mickaël de Oliveira refere que o seu estilo é essencialmente político com passeio por géneros como a ficção científica e “antologia com H, que utiliza narrativas com espíritos, etc”.
Durante a peça, adianta, Isabel, “líder de um partido de direita, bem colocada nas sondagens”, convida os antigos colegas de universidade para um jantar. A ideia da assessora de comunicação Gabriela, para fazer uma pequena peça documental acaba por não sair tão bem quanto o esperado, revela. Os amigos, Luís, Bárbara e Inês “não compactuam de todo com as tendências políticas”, e acabam por falar do assunto “sem falar de política”.
Com uma primeira parte mais conversada, ‘Crocodille Club’, revela o autor, terá na sua parte final um período mais gráfico e “muito coreografado”. Durante as cenas, um ecrã gigante auxilia o espectador ao apresentar cenas que se passam fora do cenário principal, utilizando cenas pré-gravadas.
O autor pretende abordar com o público a radicalização à direita em Portugal, seguindo a tendência mundial. Por isso, sublinha que a ideia é “humanizar ao máximo a líder da extrema-direita”, pois é preciso “gostar dela” para acreditar na sua ideologia.
Mickaël de Oliveira acrescenta que a peça conta com diversos momentos inesperados e, revela, que, uma das personagens, “Inês, vai ter um papel muito importante, de quem observa isto tudo”. “A peça convoca uma revisão de imaginários próprios da tradição do cinema de terror, como em ‘Festa de 15 Anos’, finaliza.
*Escrito por Marcelo Hermsdorf e editado por Vanessa Batista
