Salvador diz que só faz sentido a CMB ceder a propriedade do Estádio ao SCB

O presidente do Sporting Clube de Braga, António Salvador, deixou esta sexta-feira uma espécie de “recado” ao presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, para que ceda o Estádio Municipal ao clube arsenalista.

A mensagem foi vincada no discurso que fez aos sócios em sede de Assembleia Geral do Clube, na noite desta sexta-feira. 

António Salvador acredita que a propriedade do estádio “seria um passo decisivo, que implicaria um investimento avultado em remodelação e manutenção, mas que teria valor para a cidade, na medida em que o SCB substituiria à autarquia na missão de cuidar e de melhorar esta infraestrutura”. O dirigente acredita que para um crescimento equilibrado e sustentado, o SCB tem de “aumentar as receitas operacionais e o estádio é fundamental” para atingir esse desígnio.

“Não tenho comentado as insistentes tentativas da Câmara no sentido de forçar uma compra que não tem cabimento para esta Direção nos moldes em que tem sido sugerida. Porém, quero deixar claro que, no meu entendimento, não faz sentido equacionar qualquer outro proprietário para o estádio que não seja o Clube.

Sendo irrecuperável o valor nele investido pelo Município, o seu fim só pode ser salvaguardado pelo Clube, no interesse dos seus sócios e ao abrigo do estatuto de utilidade pública”, argumentou, num longo discurso que começou por realçar as conquistas desportivas nas mais variadas modalidades e o crescimento e sustentabilidade financeira que coloca o SCB num patamar diferente dos restantes.

Salvador é também claro na sua posição, afirmando que “obviamente, não pode o Clube suportar o eventual valor de aquisição, assim como não pode gerar as verbas necessárias para a sua manutenção e a sua modernização”.

Por isso, defende que “o único caminho” que vê “passa pela cedência da propriedade ao Sporting Clube de Braga, que via protocolo com a SAD deve salvaguardar a utilização do estádio por esta”.

“Caras sócias e caros sócios, a minha opinião é clara: o estádio deve ser nosso e gerido no nosso interesse e

dificilmente terá outra utilidade e outro tempo de vida se não for este o caminho adotado”, avisa também.

Na argumentação, o presidente do Sporting Clube de Braga vai ainda mais longe e dirige-se aos sócios também como “munícipes” para notar que só percorrendo o caminho sugerido é que se evitará que o “Municipal não se torne num novo 1º de Maio”.

“E sejamos francos: só o Sporting Clube de Braga pode impedir que tal aconteça, porque a autarquia não gasta nem vai gastar mais dinheiro com este estádio, nem sequer para manutenção”, continuou.

Recorde-se que os últimos números apontados pelo presidente do Município de Braga apontavam para uma venda a render aos cofres do município mais de vinte milhões de euros. Sem mencionar valores, o presidente do clube arsenalisa disse apenas que o clube quer “ser parte da solução, desde que tal não signifique comprometer o futuro do clube nem onerar as suas gerações futuras”.

“Transformar o estádio e o seu entorno é essencial para o nosso projeto e deve mobilizar-nos enquanto associados, mas não pode levar-nos a decisões irresponsáveis”, disse ainda. O dirigente apelou à “compreensão e apoio” dos sócios nesta matéria uma vez que com o desenvolvimento da Cidade Desportiva “só faz sentido pensar o futuro do SCB no atual estádio”.

“Para continuarmos a ter sucesso desportivo, social e financeiro, precisamos de um estádio melhor e de continuar a ser a referência que já somos ao nível das infraestruturas”, concluiu no que respeita ao estádio.