O amor e ódio das relações familiares dançam em espetáculo no Theatro Circo

“Um espetáculo tenso, em que o público está agarrado desde o início e só no final consegue vir à tona e respirar”. É assim que o diretor artístico, Victor Hugo Pontes, descreve aos microfones da RUM a peça de dança contemporânea ‘Os três Irmãos’. O espetáculo traz a cena três bailarinos imaginados pelo escritor Gonçalo M. Tavares para a sala principal do Theatro Circo, esta sexta-feira, pelas 21h30.

Do amor ao ódio, em cena, os bailarinos são três irmãos que refletem em palco, e através da dança, a obediência, os conflitos e abandonos das relações familiares. Destaca que este “microcosmo, onde habitam todos os afetos e ao mesmo tempo também todos os conflitos” é o espaço onde as personagens tentam encontrar as memórias do seu passado e que levam à ação.

O diretor aponta que, apesar de ser um espetáculo de dança contemporânea, em que normalmente “não há espaço para uma narrativa”, o espetáculo está “intrinsecamente ligado” ao texto do Gonçalo M. Tavares. Dialoga, assim, com a literatura, o teatro e a dança, e a conjunção destes elementos.

Victor Hugo Pontes sublinha que em ‘Os três Irmãos’ não há “uma adaptação do texto”, e sim, uma interpretação para que seja colocada num espetáculo de dança. Para dialogar com os movimentos e a história apresentada pelos bailarinos, que por vezes “podem entram em conflito ou em oposição com aquilo que está a ser dito”, partes do texto são projetados para que o público “tenha acesso às palavras de Gonçalo M. Tavares”.

O público, adianta, vai seguindo e fica “agarrado” às cenas do princípio ao fim, num espetáculo que exige “bastante atenção e tensão”, com algum humor negro. O ambiente criado pelos bailarinos, é descrito pelo diretor artístico como “intenso” e com “violência física”. “É uma peça muito sustentada nestes três intérpretes, porque foi para eles que foi criado o espetáculo”.

*Escrito por Marcelo Hermsdorf e editado por Vanessa Batista