Em Portugal, uma em cada cinco crianças está em risco de pobreza

Os últimos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que reportam aos rendimentos de 2022, revelam um aumento da taxa de pobreza infantil – 347 mil crianças em risco de pobreza monetária (mais 44 mil do que no ano anterior). Foi com base nestes dados que a EAPN Portugal/ Rede Europeia Anti-Pobreza, apelou, esta quarta-feira, para que as crianças sejam vistas como prioridade.
À RUM, Fátima Veiga, membro do Departamento de Investigação e Projetos da EAPN, explica as razões que levaram ao apelo: “Quisemos chamar a atenção para a necessidade de fazer cumprir os direitos da criança. Temos a ideia de que ao assinar uma convenção ou um tratado, temos assegurados os princípios e os direitos que estão lá proclamados, mas muitas vezes isso não acontece. Com este apelo quisemos chamar a atenção para alguns dos problemas que afetam as nossas crianças em Portugal”.
Fátima Veiga reconhece um “aumento na pobreza”, ainda que, em termos nacionais e europeus, a associação tem “metas de redução da pobreza até 2030”.
O contexto sociopolítico atual não é, no entanto, favorável à diminuição da pobreza. Fátima Veiga refere a pandemia de Covid-19 e a guerra na Europa como fatores para o aumento dos preços dos bens essenciais e da habitação. “Temos um contexto muito desfavorável que se vai manter e, portanto, precisamos de perceber que mecanismos é que precisamos de acionar para garantir que as nossas crianças tenham os seus direitos assegurados”, declara.
O documento foi criado no âmbito do Grupo de Trabalho da Pobreza Infantil, dinamizado pela EAPN Portugal / Rede Europeia Anti-Pobreza, após a demonstração de várias preocupações sobre o contexto atual deste fenómeno. Mais de 10 organizações, entidades, peritos e académicos apelam a que a luta contra a pobreza infantil seja uma prioridade.
