Mais de 2500 Erasmus voluntários passaram pela Synergia em 20 anos
Tudo começou enquanto associação juvenil para dar visibilidade a bandas emergentes de Braga e às artes urbanas, mas rapidamente abarcou a mobilidade internacional sendo hoje em dia uma das áreas mais impactantes. Em 2004 a então Associação Juvenil Synergia, com sede em Braga, começou por dar visibilidade aos desportos mais alternativos, à arte urbanas e às bandas “fora da normalidade daquilo que se podia ouvir em Braga”, mas com o tempo a área de maior destaque passou a ser o voluntariado de jovens Erasmus.
Ricardo Sousa, que iniciou o projeto de associativismo juvenil que entretanto se transformou numa cooperativa, considera que a Synergia mostrou que era possível, que a arte urbana era mesmo arte e que as bandase dj’s precisavam de um espaço que lhes desse a oportunidade para se mostrarem.
“Os jovens hoje em dia não estão desligados, mas ligam-se mais a causas globais” – Ricardo Sousa
Mais tarde surgiu o espaço TOCA que trouxe vida a um centro comercial de 1ª geração e onde aconteceu muita da atividade cultural alternativa de Braga. Fechou com a pandemia por limitação da atividade, de custos avultados que não eram suportáveis para a associação. Admite que “não é fácil fazer perdurar um projeto com estas caraterísticas” e com a pandemia tornou-se “impossível aguentar com os encargos”. “Foram sete anos muito importantes, de felicidade e de afirmação, tivemos de tomar essa decisão, mas no mesmo momento abrimos o CADI, ainda que não sendo a mesma coisa”, recorda.
Ricardo Sousa, fundador e atual presidente da cooperativa Synergia Portugal, que continua a ter sede em Braga, mas que já conta com equipas de trabalho em várias cidades de Portugal continental e Madeira, e também além fronteiras, explica que “já foi ultrapassada a barreira de 2500 jovens Erasmus voluntários, da Europa e de outros continentes”. Já no que respeita a todos os jovens que participam em mobilidades de permanência curta na Synergia, em vinte anos, os números superam os 50 mil Erasmus.
Localmente, o impacto continua a ser significativo e diário. O dirigente refere que a ajuda e contributo de jovens ao longo destes 20 anos é superior a 10 mil, além dos membros das diferentes direções. “É um número impressionante e ficamos maravilhados por perceber que já tínhamos conectado com tanta gente, com tantos jovens da cidade”, acrescenta.
Ricardo Sousa admite que o voluntariado está a mudar com as novas gerações, recusando ainda assim a ideia que os mais novos estejam desligados da realidade. “Os jovens hoje em dia ligam-se a causas globais. Dou o exemplo da Synergia Madrid, em que os jovens se querem dedicar apenas à causa de educação pela saúde e foram dois anos seguidos, um para a Tanzânia, o outro para Cabo Verde, implementar um projeto de higiene feminina, nomeadamente, o que devem fazer quando aparece a menstruação, como devem criar um penso higiénico porque não têm lá esses materiais. Eles querem criar impacto naquela área, e estamos também a sentir isso nos jovens de Braga”, relata.
Por cá, um dos exemplos é de um grupo de jovens ligado ao Synergia que no início da invasão da Rússia à Ucrânia, conseguiu movimentar centenas de empresas e de voluntários para o envio de camiões com donativos diversos. “Passado aquele evento, cada um foi para o seu lado, mas naquele contexto de emergêncial social eles estiveram presentes”, completa.
O presidente da cooperativa acrescenta que é necessário “encontrar um equilíbrio de responsabilidade coletiva. Os jovens estão muito empenhados, fazem-no de forma mais impactante, apesar de não ser tão próxima do associativismo tradicional como era antigamente”, acrescenta.
Ricardo Sousa admite ainda que vinte anos depois os jovens têm acesso a muita coisa que não tinham na altura. Recordando os projetos impactantes nos anos mais recentes, o dirigente realça o projeto “Estrelas que nos unem” onde os pais de crianças e jovens com necessidades específicas conseguir regressar à atividade por encontrarem um local para os seus filhos serem acompanhados durante o dia no CADI. “Foi onde me senti mais motivado e a ver a felicidade naqueles pais que estavam completamente absorvidos com aquele problema e sentir que aqueles pais voltaram a ter algum prazer pela vida”, resume. Outro dos exemplos está na comunidade de Cabo Verde, de há vários anos a esta parte com uma ligação mais forte com a Synergia. O presidente da cooperativa fala no “impacto que é possível criar com tão pouco”.
Ricardo Sousa, presidente da Synergia, a propósito do envolvimento dos jovens a diferentes causas. Em vinte anos a associação juvenil que passou a cooperativa já acolheu milhares de jovens de Portugal e de outros países e continua o processo de expansão a mais cidades do Mundo.
