Junta de S. Victor com processo na IGF após denúncia de alegada compra de serviços a membro do executivo

A alegada compra de serviços a um membro do executivo da Junta de Freguesia de S. Victor, aprovada pelo executivo da mesma junta, resultou num processo na Inspeção Geral das Finanças (IGF) desencadeado por uma denúncia dos membros da coligação Juntos por Braga eleitos naquela assembleia de freguesia. A questão foi denunciada no programa de debate político da RUM, Praça do Município, – pela voz do comentador João Granja e, entretanto, confirmada com o atual presidente de S. Victor, Ricardo Silva.
O assunto surgiu a propósito da discussão, no programa, dos dois andidatos anunciados nas últimas semanas às eleições autárquicas de Braga, Ricardo Silva (independente e atual presidente da junta de S. Victor) e João Batista (CDU).
João Granja denunciou publicamente que “Ricardo Silva colocou a sua junta de freguesia a comprar serviços a um membro da sua equipa restrita” e que, por essa razão, “está hoje com um processo na Inspeção Geral de Finanças”, questionando se “é eticamente correto uma pessoa que se quer pautar por princípios, por se demarcar da política, ter comportamentos desta natureza”. O comentador foi mais longe acusando Ricardo Silva de “não ser uma pessoa bem formada e capacitada para assumir mais responsabilidades”, referindo-se à ambição de ser presidente da Câmara Municipal de Braga.
Contactado pela RUM, Ricardo Silva confirmou que “a IGF solicitou informações sobre os processos contratuais desta autarquia após terem recebido uma denúncia de algo que nunca os eleitos do PSD tiveram a preocupação de esclarecer na assembleia de freguesia”. Notou que a situação se reporta ao ano de 2021, “na altura em que o executivo da freguesia tinha uma maioria de eleitos do PSD”, vincando até que também por aí “não deixa de ser curioso” o assunto mencionado pelo comentador no programa.
Ricardo Silva confirmou que a junta de freguesia, “no ofício enviado à IGF foram anexados vários documentos como atas, documentos de prestação de contas e contas correntes de várias empresas” e que “hoje [a junta de freguesia de S. Victor] tem uma assessoria na área de contratação pública para não dar qualquer margem de erro”. “Ao contrário do que diz João Granja, não há compra de serviços a empresas dos membros da equipa”, afiançou.
Ricardo Silva não se inibiu nas palavras e devolveu as críticas dirigidas pelo comentador João Granja. Falou numa “clara perseguição política que pretende atacar o bom nome da junta de freguesia de S. Victor e dos seus atuais membros” e garantiu que “este executivo tem um modus operandi sério, bem diferente daquele que o PSD está a demonstrar”. “Felizmente nós não temos é familiares eleitos a receber avenças e para que a política seja credível pela população aconselhamos o João Granja a deixar de lado esta emotividade e o ataque pessoal porque é necessário elevar o discurso político e o João Granja é reconhecido pelos seus pares como inteligente, pelo que tem que fazer mais e melhor do que esta forma mesquinha de estar na política”, atirou.
Ainda no decorrer do programa, João Granja regressou ao período de constituição das listas eleitorais nas autárquicas de 2021 para referir que Ricardo Silva negociava com Ricardo Rio [um novo apoio da coligação Juntos por Braga] mas “já tinha a candidatura [independente] em marcha”. “É estruturalmente desonesto, pouco sério e, quanto a mim, classifica muito uma pessoa. Não admito que uma pessoa com este histórico venha depois demarcar-se dos partidos apresentando-se como sendo o campeão das virtudes. Os partidos podem ter muitos defeitos, mas têm estruturas de controlo e, no caso dos independentes, aquilo não deixa de ser um grupo de amigos onde sem qualquer tipo de regras governam os seus interesses”, argumentou, excluindo imediatamente nesta análise o movimento de Rui Moreira, do Porto.
Afirmações “desmentidas” por Ricardo Silva que recuou a 2021 para dizer que “nas eleições de 2021, João Granja propôs-se como nº2 da [sua] equipa à junta de S. Victor, numa tentativa obvia de maniatar as futuras ações do presidente da junta”.
