O Governo caiu. E agora? A análise de José Palmeira 

Era uma morte anunciada e que se veio a confirmar ao final da tarde desta terça-feira, com o chumbo da moção de confiança proposta pelo executivo PSD/CDS-PP: o XXIV Governo Constitucional caiu e o país vai mesmo a eleições. 


11 de maio é, para já, a data prevista para que os portugueses voltem a ir às urnas eleger um primeiro-ministro e os eleitores “penalizam quem abre crises políticas”, afirma à RUM José Palmeira. 

O professor e investigador em Ciência Política da Universidade do Minho explica que o alongado debate que precedeu o chumbo da moção de confiança teve “um objetivo”. “Cada um dos partidos, fundamentalmente a Aliança Democrática de um lado e o Partido Socialista do outro, se tentarem responsabilizar mutuamente pela crise política.” “Normalmente, os eleitores penalizam quem abre crises políticas”, contextualiza, acrescentando que estas crises “nunca são desejáveis e menos o são num contexto internacional de grande incerteza e quando, também, os portugueses estavam aparentemente satisfeitos com a governação, todas as sondagens o indicavam.” “É uma crise um bocadinho artificial, por via disso”, aponta. 

Abstenção pode crescer… Ou não 

Em entrevista à RUM, o especialista em Ciência Política considera que pode existir um “cansaço eleitoral”, em contraste com o que tem acontecido nas eleições mais recentes. “Pode haver um cansaço eleitoral sobretudo se pensarmos que, nas duas últimas eleições, houve um crescimento do número de eleitores”. “Os estudos também revelam que muitas dessas pessoas vieram da abstenção e normalmente não votavam. Isso terá, até, beneficiado o CHEGA.” Mediante o contexto atual e, lembra José Palmeira, “o facto do próprio CHEGA, partido que foi buscar esses abstencionistas, estar a ser atravessado por vários problemas internos que poderão afetá-lo eleitoralmente”, a abstenção pode voltar a crescer nas legislativas antecipadas. 


Por outro lado, analisa o docente da UMinho, os portugueses podem ter uma atitude contrária. Os cidadãos podem perceber que vivemos uma situação difícil e que há um certo impasse no Parlamento devido à fragmentação partidária e tentarem dar uma resposta para ultrapassar essa dificuldade”, explica José Palmeira, que considera improvável um cenário de maioria absoluta. “Não sabemos até que ponto Montenegro vai ser penalizado por aquilo em que está envolvido e de que é acusado. Se for, é um cenário mais difícil de acontecer”, conclui. 

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Ariana Azevedo
Ariana Azevedo

Jornalista na RUM

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