Sete Fontes. Da acusação de ‘bluff’ do PS ao ‘mic drop’ de Ricardo Rio

Um inusitado mic drop, protagonizado pelo presidente da câmara de Braga, Ricardo Rio, marcou a reunião do executivo municipal desta segunda-feira, dominada pela polémica em torno da anulação judicial do Plano de Urbanização das Sete Fontes, recentemente travado pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, que fundamentou que a aprovação do plano ocorreu fora do prazo legal.


Depois de levantadas críticas por parte da oposição, o autarca bracarense começou por afirmar que “disseram que nunca devia começar um projeto do parque”, que “não teria condições de ser feito” e que, aquando do início do seu mandato, “era impossível manter um diálogo com os proprietários que nos pudesse manter satisfeitos e envolvidos no projeto”. 

“Disseram e dizem que o modelo adotado para garantir o equilíbrio na distribuição dos terrenos é um modelo errado, feito por académicos, sem qualquer capacidade de monetização e disseram também que nunca teremos o parque em condições de ser fruído, parcialmente que seja, até ao final do ano”, acrescentou. 

“A todas essas coisas, o que posso dizer é: vamos ver”, rematou Ricardo Rio, deixando cair o microfone na mesa a meio da frase, numa encenação que fez lembrar o célebre gesto de Rúben Amorim após conquistar o campeonato pelo Sporting CP, em 2023/24.

No final da reunião, e ainda sobre o processo, o edil assegurou que demorou “o tempo necessário.” “Já temos na esfera municipal metade da área verde que será necessária para criar o parque. Temos um projeto quase na fase final, negociações avançadas com vários outros proprietários, temos respaldo urbanístico para preservar o património que não tínhamos no passado. O parque será uma realidade. Não será todo concluído no final deste ano mas ficará já num estádio bastante avançado”.

“O maior bluff político de Ricardo Rio”


A oposição não deixou passar em branco a decisão judicial nem o balanço otimista do presidente da Câmara. O Partido Socialista (PS) foi particularmente incisivo nas críticas, pela voz do vereador Artur Feio, que considerou o parque uma “eco monumentalidade” e “o maior bluff político de Ricardo Rio. É a única medida transversal aos três cadernos de encargos políticos com os bracarenses e foi a que nunca foi resolvida”, atirou. 


O socialista recordou que o projeto foi anunciado com pompa em 2019 como “o maior parque urbano do país” e acusou Ricardo Rio de ter ignorado o trabalho técnico já desenvolvido pelos serviços municipais. “Por opção sua, pegou em trabalho, em oportunidade, em dinheiro do erário público, de tudo aquilo que tinha sido feito pelos técnicos do município, e deitou fora”, vincou. 

No final da reunião, Artur Feio afirmou ainda que “o anúncio de que as Sete Fontes vão existir até ao final do ano é, mais uma vez, enganar os bracarenses” e apontou um desalinhamento evidente dentro do próprio executivo. Para o vereador socialista, há uma “desorientação política” entre o que diz Ricardo Rio e o que tem dito João Rodrigues.

“É preciso ir de encontro ao que o vereador do Urbanismo e atual candidato à câmara diz, quando ainda na semana passada afirmava que é preciso dizer a verdade: as Sete Fontes, pelo menos tão cedo, não vão existir”, sublinhou.

Do lado da CDU, Vítor Rodrigues partilhou as preocupações sobre a indefinição e apelou à resolução rápida das falhas apontadas pelo tribunal. “Vamos ficar descansados quando estiverem sanadas as ilegalidades que fazem parte da sentença para que a obra possa prosseguir. Para nós o que é fundamental é que se avance para a construção do parque, sobretudo na parte cultural”, reiterou, acrescentando que “não só o parque das Sete Fontes faz falta, mas outros parques daquela dimensão e também zonas de lazer de pequena e média dimensão”. 


O projeto do Parque das Sete Fontes prevê 30 hectares de espaço verde público, 30 hectares de floresta privada e 30 hectares de área urbana, com espaços de lazer, praças, trilhos e miradouros. O elemento central será o sistema hidráulico do século XVIII classificado como monumento nacional desde 2011.

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Ariana Azevedo
Ariana Azevedo

Jornalista na RUM

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Sara Pereira
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