UMinho lidera nova Cátedra UNESCO para mudar a forma como olhamos para o planeta

A Universidade do Minho foi distinguida pela UNESCO com a Cátedra em Geodiversidade e Geoconservação, um reconhecimento internacional pelo trabalho pioneiro da instituição na valorização deste património natural essencial para o futuro sustentável do planeta.
Em entrevista ao UMinho I&D, o professor José Brilha, coordenador da nova Cátedra, lembrou a importância das temáticas no dia a dia, uma vez que “sem geodiversidade, a transição energética pura e simplesmente não acontecerá.”
A Cátedra tem como objetivos promover uma rede global de investigação e cooperação, capacitar gestores de áreas protegidas e sítios UNESCO, criar boas práticas de geoconservação e sensibilizar a sociedade para a importância da geodiversidade, um património que inclui minerais, rochas, fósseis, solos e formas de relevo, frequentemente esquecido, mas indispensável para a vida moderna.
Para o docente da Escola de Ciências da UMinho (ECUM), as temáticas merecem uma Cátedra dedicada porque “ainda estão muito afastadas da sociedade e relativamente afastadas no meio académico.” José Brilha lembra que a academia minhota foi “pioneira” nesta área e está até a celebrar os 20 anos do mestrado em Geociências, que inclui o ramo de especialidade ‘Património Geológico e Geoconservação‘. “Não havia uma outra oferta no meio internacional nesta área”, sublinha.
O responsável pelo programa académico destaca ainda como a geodiversidade surge no dia a dia do cidadão comum, dando o exemplo prático da Inteligência Artificial, que “está baseada em milhares de servidores, todos eles constituídos por imensos componentes eletrónicos para os quais são necessários elementos químicos muito especiais, que existem, muitas vezes, em quantidade muito reduzida em alguns minerais do planeta. Sem o conhecimento geológico, sem a investigação em geologia, não seria possível.”
Apesar do prestígio da distinção, a Cátedra não recebe financiamento direto, razão pela qual “o reconhecimento por si só não basta”, explica José Brilha, que espera que “esta distinção ajude a abrir portas para apoios que nos permitam desenvolver as ações previstas”.
Com um horizonte inicial de quatro anos, o projeto já pensa no futuro. “No final deste ciclo, vamos ter de decidir se pedimos renovação. Desde o anúncio, já fomos contactados por novas universidades que querem integrar a rede, por isso o número de parceiros poderá crescer para lá de 2030”, vaticina José Brilha.
Esta Cátedra envolve 12 parceiros, incluindo dez universidades: São Paulo, Federal do Rio Grande do Norte (ambas do Brasil), Púnguè (Moçambique), Internacional de Ciência e Tecnologia do Botswana, Austral do Chile, Nacional da Colômbia, da República do Uruguai, Chouaïb Doukkali (Marrocos), Maroua (Camarões) e Tasmânia (Austrália). Juntam-se ainda a Associação Internacional para a Conservação do Património Geológico (ProGEO) e o Grupo de Especialistas em Património Geológico da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da União Internacional para a Conservação da Natureza (WCPA-IUCN).
A entrevista completa de José Brilha ao UMinho I&D está disponível em podcast.
