Fenómeno da emigração portuguesa integra festival Encontros da Imagem

O Festival internacional de Fotografia e Artes Visuais Encontros da Imagem arranca esta quinta-feira, 18 de setembro, com diversas exposições nos distritos de Braga e Porto, maioritariamente nas cidades de Braga e Guimarães, mas passando também por Barcelos, Porto, Avintes e Vila Verde.

A 35ª edição arrancou na manhã desta quinta-feira com a leitura de portfólios no museu Pio XII, interrompondendo antes do almoço para a primeira inauguração expositiva, localizada no muro do Museu D. Diogo de Sousa. Intitulada: “Chernobyl: 40 years after”, documenta o duradouro legado do desastre, as suas cicatrizes visíveis e invisíveis, além de projetar luz sobre uma região onde a catástrofe continua a desenrolar-se. É uma das três exposições exteriores de 2025, ano em que o galego Vítor Nieves surge como diretor artístico. “Queremos novos públicos e recuperar públicos, por isso queríamos colocar exposições na rua. Sabemos perfeitamente que há espaços que não são assim tão inclusivos para toda a sociedade e portanto falicitamos o acesso colocando algumsa exposições na rua”, justifica.


Como é apanágio, a direção artística dos Encontros não ignora a atualidade e também por isso um dos grandes destaques das exposições de rua pode ser encontrado num outro muro, o do Arquivo Municipal de Braga. “A emigração portuguesa a salto”, de Gérald Bloncourt com curadoria de Daniel Bastos. É uma das sugestões deixadas por Vítor Nieves. O fotógrafo francês fotografou, inlusivamente a emigração portuguesa. “Num momento em que as agendas políticas e sociais apresentam discursos que agridem as migrações, relembramos que portugueses e galegos fomos emigrantes e a exposião quem lembrar a todos e a todas o que fomos”, sublinha.

Já na Avenida da Liberdade, a zona pedonal mais movimentada da cidade de Braga, pode ser visitada a exposição

“Reaching for Dusk”, uma exploração fotográfica de Mbeubeuss, o maior aterro sanitário a céu aberto da África Ocidental, localizado nos arredores de Dakar, no Senegal, uma frente negligenciada na história da migração. “Enquanto o discurso público geralmente se concentra em conflitos, pobreza ou alterações climáticas como causas do deslocamento, este projeto volta a atenção para uma questão mais imediata: como é que as pessoas financiam a sua viagem? Em Mbeubeuss, mais de 4000 pessoas vivem e trabalham em condições nocivas, recolhendo cobre, alumínio, plástico e vidro para conseguirem ganhar o suficiente para sobreviver, às vezes o suficiente para seguir em frente”, pode ler-se na descrição deste trabalho com curadoria de Alexia Alexandropoulou.

Todas as exposições, independentemente dos espaços onde ficam instaladas são de entrada gratuita. Vítor Neves desafia a população a “encher todos os espaços expositivos” e a aproveitar o facto de o poder fazer até 2 de novembro.

A 35ª edição continua a não ter qualquer instalação no Museu da Imagem, só agora em obras, mas a expetativa é que 2026 traga boas notícias, uma vez que outro dos grandes espaços que a associação tem aproveitado para colocar uma das exposições centrais do evento também está indisponível este ano: a Galeria do Paço, na reitoria da Universidade do Minho.


Quem é Vítor Nieves?

Diretor artístico do festival internacional Encontros da Imagem e curador do Prémio Galiza de Fotografia Contemporânea, do qual é cofundador, Vítor Nieves, natural da Galiza mas com uma ligação de mais de dez anos aos Encontros da Imagem, foi director artístico do festival Outono Fotográfico (Galiza, 2012-17).

Foi o curador de mais de 100 exposições. Fez curadorias para festivais de fotografia como Encontros da Imagem, o Imago Lisboa, o Mês da Imagem do Porto e o f/est Amarante (Portugal), Photoalicante, Fòrum Fotogràfic Can Basté e Emotiva (Espanha) ou o Paraty em Foco e os Encontros de Agosto (Brasil).


OUVIR ENTREVISTA COMPLETA DE VÍTOR NIEVES AO CAMPUS VERBAL

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Elsa Moura
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